A relação entre lobos e a população dos Estados Unidos sempre foi difícil. Os americanos enxergavam esses animais como uma ameaça e praticamente os dizimaram de seu território. Foram mortos, inclusive, com o apoio governamental, que incentivou a caça, uso de armadilhas e envenenamento. Mas em 1974 os lobos cinzas foram incluídos na Lista de Espécies Ameaçadas Protegidas no país. Todavia, em 2020, a administração do então presidente Donald Trump derrubou a proteção.
Apesar de nos últimos 50 anos a população de lobos cinzas ter aumentado bastante, cientistas afirmam que ainda não é o suficiente. Eles não chegam a ocupar 15% do território onde costumavam ser observados no passado. E sem proteções federais em vigor, o manejo das populações de lobos seria transferido para agências estaduais de vida selvagem. Tentativas anteriores de remover prematuramente as proteções para lobos levaram a temporadas de caça a troféus e armadilhas com cotas destinadas a reduzir suas populações a objetivos arbitrários baseados na política e não na ciência.
Em alguns estados americanos a caça aos lobos é permitida como forma de “controlar a população da espécie”, com o é o caso no Alaska, Montana, Idaho e Wyoming. Entretanto, em março de 2021, em menos de três dias, 216 deles foram mortos em Wisconsin, apesar de a cota máxima estabelecida ser de 200, sendo 81 deles destinados aos indígenas da etnia Ojibwe (que geralmente não os matam porque os consideram sagrados). Com isso, as autoridades mandaram encerrar a temporada 60 horas após seu início porque ela já tinha superando em mais de 80% o número estipulado pelo Wisconsin Department of Natural Resources.
Agora, em outro estado americano, o Oregon, a polícia está investigando a morte por envenenamento de oito lobos. No começo deste ano, em fevereiro, guardas florestais encontraram um grupo de cinco animais mortos. A necropsia revelou que eles tinham sido envenenados. Nos meses seguintes, outros foram assassinados da mesma forma. Como até agora não há nenhuma pista sobre os criminosos, a população foi chamada a ajudar. Várias organizações estão cooperando com a investigação e oferecendo uma recompensa de US$ 36 mil, pouco mais de R$ 200 mil para quem oferecer informações sobre o caso.
“O envenenamento é uma forma horrível de morrer e mostra um desrespeito flagrante que temos por nossos lobos e por toda a vida selvagem”, diz Marc Cooke, presidente da Wolves of the Rockies.
Segundo o International Wolf Center, existem duas espécies de lobos amplamente reconhecidas no mundo, o vermelho e o cinza. No entanto, cientistas suspeitam sobre a existência de outras possíveis subespécies do lobo cinzento. Há também um canídeo pouco conhecido, que vive nas terras altas da Etiópia, chamado Canis simensis, que se acredita ser um parente muito próximo do lobo.
Os lobos são os maiores membros da família canídeos, a mesma a que percentem os cães de estimação. Há muitas décadas, os lobos eram os mamíferos terrestres selvagens mais amplamente distribuídos no Hemisfério Norte.
*Com informações do Oregon Department of Fish and Wildlife
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Foto: Thomas Bonometti on unsplash
