Junho foi (de novo) o mês mais quente da história

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Duas agências do governo americano divulgaram ontem (19/7) dados sobre temperaturas globais em junho. Sem surpresa, ambas mostram que o mês passado foi o junho mais quente de todos os tempos desde o início dos registros, em 1880. Segundo a Noaa (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera), foi o 14o mês consecutivo a bater recordes absolutos de temperatura, o que praticamente garante o lugar de 2016 na história como o ano mais quente na história da humanidade.

De acordo com a Noaa, a temperatura da superfície terrestre e dos oceanos no mês foi 0,90oC superior à média para junho no século 20, ultrapassando 2015 – o recordista anterior – em 0,02oC. Na média do ano até aqui, a temperatura global foi 1,05oC mais alta que a média do século 20, ultrapassando o recorde de 2015 em 0,2oC. Segundo comunicado divulgado pela agência americana, a fila de meses consecutivos com recordes de temperatura é a maior em 137 anos de registro. O último mês com temperaturas abaixo da média do século 20 foi dezembro de 1984.

A Nasa mostrou a mesma tendência, mas usando uma “régua” diferente. A agência espacial americana calcula as chamadas “anomalias de temperatura” (ou seja, o quanto um determinado mês é mais quente ou mais frio do que a média histórica para esse mesmo mês) em relação ao período 1951-1980. Por essa conta, junho de 2016 foi 0,79oC mais quente que a média, superando junho de 2015 também em 0,02oC. Segundo a metodologia da Nasa, o último mês com temperaturas abaixo da média foi julho de 1985. Para a agência espacial, a temperatura do primeiro semestre foi 1,3oC mais alta do que a média do fim do século 19.

“Embora o El Niño no Pacífico tenha dado um impulso às temperaturas globais a partir de outubro, é a tendência subjacente (de aquecimento global) que está produzindo essas cifras recorde”, disse Gavin Schmidt, diretor do Centro Goddard de Estudos Espaciais, da Nasa.

Mais uma vez, eventos climáticos extremos campearam mundo afora. A América do Norte teve seu junho mais quente, e condições de temperatura extrema também predominaram na Amazônia, no Nordeste do Brasil e na África. O gelo marinho no Ártico teve a menor extensão registrada para aquele mês – 11,8% abaixo da média, devido ao calor extremo no semestre sobre a região polar.

“O recorde de temperaturas globais já dura mais de um ano, mas as altas temperaturas no Ártico têm sido ainda mais extremas”, afirmou Walt Meier, também da Nasa.

Tempestades atingiram a Europa e a Austrália, onde choveu mais do que o dobro da média em junho. A região centro-sul da América do Sul, porém, viu temperaturas 1oC mais baixas do que a média – resultado da onda de frio que atingiu o Sul e o Sudeste do Brasil, o Paraguai e parte da Bolívia naquele mês.

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Texto originalmente publicado pelo site do Observatório do Clima no dia 19/7/2016

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