Nestes jogos, os atletas não vestem roupas ou calçados altamente tecnológicos, mas muita maquiagem natural, penas, roupas e adereços coloridos e, às vezes, muito detalhados para competir ou fazer demonstrações de esportes tradicionais ou atividades culturais. E este ano, o encontro de etnias indígenas criados em 1996, reúne – na cidade de Palmas, no Tocantins, até 31/10 – mais de dois mil atletas, não só tribos brasileiras (mais de mil), mas também representantes de 24 países, entre eles Rússia, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Colômbia, Mongólia, Chile, Congo, Etiópia e Finlândia.
Na cerimônia de abertura, que teve o líder Marcos Terena como anfitrião, o hino brasileiro foi cantado em português e na língua ticuna.
Entre as competições dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas – com o tema “Em 2015, somos todos indígenas” – estão 16 atividades de esportes típicos, não tão conhecidos por nós, como a corrida com toras, mas outras mais comuns como natação, arco e flecha e futebol – claro! – feminino e masculino. Mas nem todos os países participam de todas as competições e, em alguns casos, só o Brasil possui representantes. E, aqui, quem escolhe os atletas é o chefe da tribo.
O que poderia ser motivo só de alegria e muita curiosidade, também trouxe à tona a realidade sofrida de algumas tribos indígenas brasileiras, que se recusaram a participar dos Jogos, como os Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso, mesmo com delegação em Palmas, dos Krahô e dos Apinajé. As três passam por conflitos com fazendeiros, madeireiros e garimpeiros, provocados pela morosidade na demarcação de suas terras. No caso do primeiro grupo, com registro de mortes. Na cerimônia de abertura, índios da etnia Xavante vaiaram a presidente Dilma Roussef e criticaram a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 215, que altera as regras para a demarcação das terras indígenas, e empunharam cartazes.
Entre as 20 etnias brasileiras que se inscreveram nos jogos estão Xerente (Tocantins), Asurini (Pará), Bororo Boe (Mato Grosso), Canela (Maranhão) e Pataxó (Bahia).
Desde que foram criados, os Jogos dos Povos Indígenas tiveram doze edições e se realizaram em cidades diferentes, sempre com apoio do governo federal e local. A ideia de torna-lo internacional, este ano, foi dos povos Terena, o que pode levar à criação de um comitê para a realização de edições internacionais a partir da próxima.
Tantas etnias indígenas só poderiam resultar em imagens deslumbrantes. A beleza de seus trajes e a emoção de cada competição ou atividade estão nos registros dos fotógrafos Marcelo Camargo, da Agência Brasil, e Raimundo Pacó, da Agência Pará, divulgados pela Fotos Públicas e selecionados por mim para finalizar este texto.
Dois momentos da cerimônia de abertura dos I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Palmas, no Tocantins Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil (acima) e Raimundo Pacó/Agência Pará (abaixo)
Os índios Kayapó apresentam um de seus esportes favoritos, o Kõkrã – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os Terena na corrida de toras – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Índios em uma das atividades folclóricas exibidas durante os Jogos – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Índios Way Way, do Pará – Foto: Raimundo Pacó/Agência Pará
Na arquibancada, homens (acima) e mulheres (abaixo) – Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Representante da tribo Maori, da Nova Zelândia, faz careta para mostrar força interior
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Índia mexicana pratica a Pelota Mixteca – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Índios americanos, em foto de Raimundo Pacó/Agência Pará
Atletas da delegação da Mongólia na competição de arco e flecha – Foto: Raimundo Pacó/Agência Brasil
Foto (abre): Marcelo Camargo/Agência Brasil