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Jiboticaba ou jabutiboia?!

Jiboticaba ou jabutiboia?!

Mais uma vez foram as gralhas quem deram o alarme. Começo de segunda-feira, agenda mais corrida do que o habitual, de repente elas começam a piar insistentemente no pé de jabuticaba do quintal dos vizinhos. Intrigado, chamo a vizinha por cima da cerca:

– “Oi, as gralhas estão fazendo uma barulheira aí no pé de jabuticaba, acho que tem cobra por perto. Posso entrar aí pra dar uma olhada?”

– “Claro, fique à vontade!”

Percebo que a gritaria é direcionada ao chão, então pego uma varinha e começo a mexer nas plantas rasteiras ao redor. Não encontro nada. As gralhas vão embora, eu também. Passadas algumas horas, mal termino o almoço e desta vez é a vizinha quem me chama:

– “Daniel, achei a cobra! Tá enroladinha em cima do pé de jabuticaba. Vem ver, eu quase coloquei a mão nela sem querer na hora que fui colher umas frutas, ia levar uma baita picada!”.

Pego a câmera, sigo para o local e demoro para localizar a pequena serpente, imóvel na forquilha da árvore em meio às jabuticabas. Logo identifico a espécie e tranquilizo a vizinha: “não se preocupe, é uma jiboia jovem, não é venenosa e com este tamanho não consegue pegar mais do que algum bicho bem pequeno”. Ela confia desconfiando: na dúvida, prefere ficar bem de longe, só observando.

Fotografo à vontade e sem pressa, pois a jiboia não parecia dar a mínima para minhas mudanças de posição, para o flash da câmera ou para a Naíra (minha esposa, sócia e assistente) – que havia ido comigo como ajudante -, mas a cada intervalo, aproveitava pra comer uma jabuticaba.

Além da curiosidade natural da cena inusitada, havia um componente poético adicional por remeter à passagem bíblica do fruto proibido no Jardim do Éden (só que no lugar da maçã estava uma brasileiríssima jabuticaba!).

Termino minhas imagens. A vizinha já parece menos preocupada, mas mesmo assim me pede para tirar a jiboia de lá. Pego a mesma varinha que havia usado antes para procurá-la no chão, faço a cobra subir nela lentamente e a solto na mata que fica nos fundos, longe das casas. Enquanto analiso as fotos, aproveito para saborear as jabuticabas que a vizinha nos deixou colher, talvez como prova de gratidão por tê-la salvo do “perigo”.

Foto: Daniel De Granville

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