Itália aprova lei que determina fechamento de todas as fazendas de vison e bane criação de animais para venda da pele

Itália aprova lei que determina fechamento de todas as fazendas de vison e bane criação de animais para venda da pele

A organização Humane Society International considerou histórica a decisão do Senado da Itália de fechar todas as fazendas de vison e banir a criação de animais, como raposas, chinchilas, lebres e guaxinins, para a comercialização de sua pele. Após a aprovação final do Parlamento, o país deve se tornar o 16o na União Europeia a acabar com este mercado.

Ainda havia dez fazendas de produção de vison na Itália, que deverão encerrar suas atividades nos próximos seis meses. Os produtores receberão uma compensação financeira de 3 milhões de euros do Ministério da Agricultura.

A legislação italiana vai de encontro com uma nova realidade, que já era praticada pela maioria das grandes casas de modas do país, entre elas, Valentino, Armani, Gucci Prada e Versace, que tinham parado de vender peças feitas com peles animais.

Além da crueldade imposta aos bichos, essas fazendas representam um grande risco para o aparecimento e disseminação de doenças zoonóticas. Em 2020, mais de 15 milhões de visons precisaram ser sacrificados na Dinamarca por causa do coronavírus.

“Esta é uma vitória histórica para a proteção animal na Itália e a Humane Society está imensamente orgulhosa de que nossa estratégia de conversão de fazendas de peles tenha desempenhado um papel central no desmantelamento dessa indústria cruel e perigosa em nosso país. Existem razões econômicas, ambientais, de saúde pública e, claro, de bem-estar animal muito claras para fechar e proibir fazendas de peles”, destacou Martina Pluda, diretora da entidade na Itália. “A votação reconhece que permitir a criação em massa de animais selvagens para a moda frívola de peles representa um risco não somente para eles, mas às pessoas, e que não pode ser justificado pelos benefícios econômicos limitados que oferece a uma pequena minoria de pessoas envolvidas nessa indústria cruel. Com tantos designers, varejistas e consumidores não usando mais peles, a conversão de fazendas de peles oferece às pessoas um futuro sustentável que o comércio de peles simplesmente não pode oferecer.”

Brasil é segundo maior exportador de peles de chinchila do mundo

Estimativas globais apontam que todos os anos cerca de 100 milhões de animais são criados e mortos para atender a demanda do mercado da modaSim! 100 milhões de animais são mortos cruelmente para que sua pele possa ser usada na confecção de roupas e acessórios. Visons, raposas, guaxinins, coelhos e chinchilas, que passam toda a vida em gaiolas apertadas, privados de qualquer conexão com o mundo natural.

Durante a pandemia da covid, além da Dinamarca, foram registrados surtos da doença entre esses animais criados em fazendas nos Estados Unidos, Holanda, Espanha, Grécia, Suécia e na própria Itália.

Vários países já proibiram a produção e a importação de peles (veja quais nesse texto, em inglês). Todavia, o Brasil é um dos maiores produtores e o segundo maior exportador mundial de peles de chinchila, atrás apenas da Argentina. E o estado do Rio Grande do Sul concentra 70% desse mercado.

Em 2009, o deputado e ambientalista Ricardo Tripoli apresentou um projeto de lei (PL) pela proibição do abate da chinchila em todo território nacional. Apesar de ter sido aprovado por unanimidade pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o texto acabou sendo arquivado em 2019.

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Foto/montagem: todd kent on Unsplash (modelo) e domínio público/pixabay (vison)

Um comentário em “Itália aprova lei que determina fechamento de todas as fazendas de vison e bane criação de animais para venda da pele

  • 20 de janeiro de 2022 em 7:03 AM
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    Compaixão é a dor do outro doendo em mim. Parabéns, Itália.

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.