Incêndios crescem 58% no Parque Indígena do Xingu devido à expansão do agronegócio, afirma Ibama

Incêndios crescem 58% no Parque Indígena do Xingu devido à expansão do agronegócio, afirma Ibama

Em 2008, foram registrados 93 incêndios florestais no Parque Nacional do Xingu, área de 26 mil km2, localizada na região nordeste do Mato Grosso, na porção sul da Amazônia brasileira.

Oito anos depois, em 2016, as queimadas chegaram a 147, um aumento de 58%. Em 2015, o número de incêndios foi ainda maior, 185 ocorrências.

Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em estudo encomendado pelo Portal UOL.

Em setembro do ano passado, um incêndio de grandes proporções destruiu 15% do Parque Nacional do Xingu. Segundo os especialistas do Ibama, o crescimento na incidência de queimadas é provocado pela expansão da agricultura e pecuária na região. “O desmatamento da vegetação nativa da reserva para criação de pasto e lavoura tem causado o desequilíbrio de todo o sistema hidrológico, ou seja, o regime de chuvas foi alterado e, com isso, houve alteração nos padrões de pressão atmosférica”, afirmam.

A explicação é que o desmatamento faz com que os ventos carregados de umidade, que vêm do oceano para o continente, não cheguem ao parque. Com isso, a seca fica ainda pior e há mais propensão para a ocorrência de incêndios.

O Parque Indígena do Xingu, criado em 1961, foi a primeira terra indígena homologada pelo governo federal. Seu status de parque se deve, sobretudo, ao trabalho dos irmãos e sertanistas brasileiros Villas Bôas, que lutaram pela preservação da fauna e flora e também, o resguardo das culturas indígenas da região.

Vivem no parque povos indígenas Aweti, Kalapalo, Kamaiurá, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, Trumai,  Wauja e Yawalapiti.

Este ano, a escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense terá como tema justamente o impacto ambiental sobre a floresta e os efeitos da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no curso no rio Xingu. Com o samba enredo, “Xingu, o clamor que vem da floresta”, a escola faz uma crítica aberta ao setor ruralista. Suas alas falam de “olhos da cobiça”, “doenças e pragas” e “fazendeiros e seus agrotóxicos”.

Obviamente que os representantes da indústria pecuária e do agronegócio reclamaram sobre o samba enredo da Imperatriz Leopoldinense para este carnaval. Parabéns para a escola, que leva para a Sapucaí um alerta, que precisa ser ouvido por todos os brasileiros.

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Foto: divulgação Ibama

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.