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Guerreiras na vida e nos Jogos Olímpicos

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Na sexta-feira passada, 4/8, o mundo parou para acompanhar a abertura oficial dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. E entre todas as maravilhas que deliciaram nossos olhos, uma em especial acalentou meu coração: pela primeira vez na história das Olimpíadas pudemos saudar a Equipe Olímpica de Atletas Refugiados.

A equipe é composta por dez atletas provenientes da Síria, da República Democrática do Congo, Etiópia e do Sudão do Sul, mas a presença deles representa mais de 60 milhões de refugiados espalhados pelo mundo. Entre eles, quatro são mulheres e é delas que quero falar.

Yolande Mabika (à esquerda, na parte superior da foto) tem 28 anos e é da República Democrática do Congo, o segundo maior território da África, que vive em guerra civil há mais de vinte anos. É nele que observamos também uma das maiores taxas de violência contra a mulher no mundo: lá, 48 mulheres são estupradas por hora. Yolande vive no Brasil desde 2013 e enfrentou abusos, violência e ameaças até se consolidar como uma referência no judô.

Ao lado de Yolande, na foto e na vida, está Anjelina Lohalith, de 21 anos, também do Sudão do Sul e acolhida pelo Quênia. Aos seis anos foi retirada dos pais e nunca mais os viu, mas são eles sua esperança e energia para fazer bonito no Atletismo e conseguir ajudar seu país de alguma forma.

Outra grande mulher é Rose Lokonien (ao lado de Anjelina), de 23 anos, que nasceu no Sudão do Sul. Ela nunca havia participado de competições, tampouco conhecia seu talento para o esporte. Refugiada no Quênia, ela corre desde criança, mas não imaginava que isso pudesse levá-la às Olímpiadas. Hoje, é uma das representantes do Atletismo.

A última e mais nova representante é Yusra Mardini, uma jovem síria de 18 anos, cuja história se tornou conhecida no mundo todo. Ela e sua irmã eram parte de uma embarcação que saía de Damasco em direção à Grécia, mas que começou a encher de água em menos de uma hora de viagem. Filha de um professor de natação, ela se jogou na água e empurrou o barco – a nado – por mais de três horas, até que chegassem à ilha grega de Lesvos, salvando todos aqueles que estavam com ela, especialmente os que não sabiam nadar. Hoje, Yusra vive na Alemanha e representa as mulheres na Natação (leia também: Yusra não ganhou o ouro, mas conquistou os corações dos brasileiros).

E, por trás do time de refugiados ainda há outra grande mulher: Tegla Loroupe, queniana e ex-corredora, é fundadora da Tegla Loroupe Peace Foundation, uma fundação no Quênia que promove desenvolvimento socioeconômico a jovens em vulnerabilidade por meio da cultura de paz, educação, redução da pobreza e direitos humanos. Cinco dos dez atletas da equipe integram a Fundação.

Estas cinco mulheres representam as milhões que sofrem com os conflitos armados, a intolerância, a ignorância e o descaso de quem se acha dono do mundo, mas governa pelo próprio umbigo.

E é por elas que eu vou torcer, para que mais do que medalhas e glórias, elas possam um dia voltar pra casa, aquela que há tempos não pode recebê-las, e mostrar a quem ficou que dá pra vencer pela dor, mas vencer pelo amor deixa a vitória mais saborosa.

Abaixo, o vídeo que celebra os atletas do time de refugiados dos Jogos Olímpicos:

 

Fotos: Reprodução e Agência Brasil (Tegla Loroupe)

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