
Foram dez anos de muita persistência. E invejável paciência. Mas a determinação acaba de render ao fotógrafo sul-africano Wim van den Heever o título de Wildlife Photographer of the Year 2025, o prêmio principal do mais famoso concurso de fotografia de vida selvagem do mundo, concedido anualmente pelo Museu de História Natural de Londres. A cerimônia com o anúncio dos vencedores foi realizada na noite da terça-feira (14/10).
“Este prêmio é um sonho que se tornou realidade. É o Oscar do mundo da fotografia de vida selvagem e estar no topo por esta pequena janela de tempo é realmente uma honra. Do fundo do meu coração, muito obrigado a todos!”, escreveu Heever em suas redes sociais.
O flagrante da hiena-marrom foi feito com uma armadilha fotográfica. Atrás do animal está uma antiga mina de diamantes abandonada na cidade de Kolmanskop, na Namíbia. O fotógrafo já tinha visto pegadas do animal ali – a mais rara dentre todas as espécies de hiena – e acreditava que, um dia, conseguiria capturar uma imagem. “Levei dez anos para finalmente conseguir esta única imagem, no enquadramento mais perfeito que se possa imaginar”, diz ele (ao final deste post, o fotógrafo conta, em inglês, mais detalhes sobre a imagem).
A foto, batizada de “Visitante da Cidade Fantasma” concorreu com outras 60.636 imagens de fotógrafos de 113 países e territórios. Além do prêmio principal, Heever conquistou também o primeiro lugar na categoria Vida Selvagem Urbana.
“A imagem é assombrosa, mas hipnotizante, pois a hiena solitária ocupa o centro do palco como símbolo de resiliência em meio à decadência. Esta imagem é uma história multifacetada de perda, resiliência e triunfo silencioso do mundo natural, tornando-a uma peça inesquecível de fotografia de vida selvagem e conservação”, afirma Akanksha Sood Singh, membro do júri do concurso.
Estima-se que existam apenas entre 4 mil e 10 mil hienas-marrons (Parahyaena brunnea) na vida selvagem. De hábitos solitários e noturnos, elas são encontradas nos desertos do Kalahari e da Namíbia, ambos no sudoeste de África. Sabe-se que elas passam por Kolmanskop no caminho para caçar filhotes de focas e carniça na costa.
Já quem levou o prêmio de Young Photographer of the Year 2025 – o Jovem Fotógrafo do Ano -, categoria para concorrentes com menos de 17 anos, foi o italiano Andrea Dominizi. A imagem com o título de “Depois da Destruição”, mostra um besouro (Morimus asper) e ao fundo máquinas abandonadas, em meio à floresta da Montanha de Lepini, devastada pelo indústria madeireira.
“O fotógrafo conferiu autoridade a M. asper [besouro] nesta imagem”, destaca Jennifer Hayes, uma das juradas da competição deste ano. “Essa imagem faz exatamente o que uma fotografia forte deve fazer – aumenta nossa compreensão.”

Foto: ©Andrea Dominizi, Wildlife Photographer of the Year
Brasileiros entre os vencedores principais
E entre os principais vencedores da 61a edição do Wildlife Photographer of the Year há um brasileiro: o fotógrafo Fernando Faciole, com a imagem “Órfão da Estrada“. Ele foi o escolhido na para receber o Prêmio Impacto 2025, que foi criado no ano passado para reconhecer histórias bem-sucedidas na conservação (leia a matéria completa sobre sua carreira e a foto premiada aqui).
Na foto de Fernando, um filhote de tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) seguindo seu cuidador no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), do Ibama, em Belo Horizonte. Ele perdeu a mãe, vítima de um atropelamento.
“O tamanduá retratado nesta imagem simboliza muitos animais ameaçados de extinção que precisam da nossa ajuda. Esses animais, sem a capacidade de se expressar verbalmente, dependem de nós para garantir sua proteção e cuidado. Esta imagem transmite essa mensagem de forma eficaz”, destaca Hans Cosmas Ngoteya, membro do júri da competição internacional.

população de tamanduás-bandeira no Brasil
Foto: ©Fernando Faciole, Wildlife Photographer of the Year
Este não é o primeiro reconhecimento internacional do trabalho do brasileiro. Ele já recebeu diversos outros prêmios (confira no Leia também logo abaixo).
As fotografias de Heever, Dominizi e Fernando e dos ganhadores das demais 19 categorias premiadas este ano pelo Wildlife Photographer of the Year estarão expostas, a partir da sexta-feira (17/10) em uma exposição no Museu de História Natural da capital inglesa.
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Foto de abertura: ©Wim van den Heever, Wildlife Photographer of the Year




