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Fotógrafo Luciano Candisani neutraliza emissões de suas atividades e viagens com plantio de árvores

“Só nos últimos doze meses, contribuí com a emissão de gases de efeito estufa equivalentes a 21 toneladas de CO2, a maior parte oriunda de viagens de avião para onze países e sete estados brasileiros”, contou o fotógrafo premiadíssimo, Luciano Candisani, em seu perfil no Facebook.

Uma dessas viagens foi realizada para a Coreia do Sul, na Ilha de Jeiju, onde documentou a história linda das Haeneyo, mergulhadoras que, com idades entre 65 e 92 anos, praticam uma modalidade de pesca submarina tradicional usando apenas o ar dos próprios pulmões, em apneia prolongada. E, assim, colhem polvos e frutos do mar.

Algumas das imagens desse trabalho estiveram expostas no Museu da Imagem e do Som, durante um mês, até 13 de outubro – Haeneyo – Mulheres do Mar – como parte da mostra Foto MIS 2019. A foto abaixo abriu lindamente a exposição.

As últimas viagens que Candisani realizou, em setembro, foram para a Baía de Maputo, em Moçambique, na África, onde registrou práticas da pesca tradicional (foto abaixo). E para a Ilha de Wakatobi, na Indonésia, onde se entregou a dois temas.

Na Ilha de Wangiwangi, na Indonésia, Ásia, primeiro fotografou os integrantes da etnia Bajau, também conhecidos como nômades do mar. “Janusa é um mergulhador da etnia Bajau (foto abaixo). Estive com ele por três horas em um recife ao largo da ilha de Wangiwangi, em Sulawesi. Os nômades do mar tiram o sustento dele. Pescam sobretudo com mergulho que praticam só com óculos de madeira e um arpão montado em um arbalete simples. Uma pesquisa recente detectou nos Bajau uma capacidade genética para apneia prolongada. Eles ficam de três a cinco minutos submersos”, conta Candisani. 

Na foto abaixo está Patono, também mergulhador Bajau. “Fiz a fotografia hoje cedo (23/9), quando ele respirava para descer ao fundo do mar equipado apenas com óculos de madeira e um arpão, ambos feitos por ele, conforme tradição do seu povo, os nômades do mar”, contou Candisani.

No Parque Nacional Marinho de Wakatobi, Candisani produziu imagens para o documentário que está sendo produzido por Lygia Barbosa sobre o estado dos oceanos. Foi ela quem convidou Candisani para conhecer e fotografar as Haeneyo, e o filmou em ação para seu documentário. Parceria preciosa.

A foto abaixo foi feita durante mergulho de mais de uma hora com biólogo marinho da ONG Rare, parceira do governo local em projetos de conservação.

O belíssimo registro do cardume de xaréus, abaixo, foi realizado por Candisani quando já estava indo embora da Ilha de Wakatobi. Pediu ao capitão do barco para “dar uma paradinha de uns quarenta minutos para eu dar uma última olhada no cardume, que eu já te tinha visitado inúmeras vezes. Ele respondeu sorrindo: ‘eu já sabia que você pediria isso'”. Sim, ele já tinha filmado os xéreus, mas, quando filma, é impossível fotografar. “Não só pelo fato de usar uma câmera exclusiva para cinema nesse trabalho, mas principalmente porque as duas técnicas – filme e foto -, requerem abordagens completamente diferentes”, explicou.

Agora, chega de viajar nas lindas imagens e viagens de Candisani e voltemos à neutralização das emissões. Veja como funciona… e porque é fácil aderir à iniciativa.

Como calcular sua ‘pegada ecológica

A ONG Iniciativa Verde, especializada na recuperação de florestas no Brasil desde 2007, foi que calculou a pegada de Candisani, resultante de suas atividades profissionais e sugeriu a neutralização. Serão plantadas cerca de 140 árvores de diferentes espécies em ações de reflorestamento na Serra da Mantiqueira.

Em seu texto, ele contou que, segundo o diretor técnico da organização, Lucas Carvalho Pereira, “boa parte do financiamento para o plantio das florestas vem do programa Carbon Free, criado para compensar as emissões de carbono de indivíduos e empresas”.

Ou seja, qualquer pessoa, como eu e você, pode participar. Em seu site, a Iniciativa Verde mantém uma calculadora de emissões pra quem quiser descobrir sua pegada. Vai lá descobrir qual é a sua!

O trabalho da Iniciativa Verde é muito bacana, mesmo. Ela já plantou mais de dois milhões de árvores para a recomposição de 1246 hectares de florestas. “Essas matas, em pleno crescimento, são capazes de. a um só tempo, tirar da atmosfera quase 400 mil toneladas de carbono e ainda geram benefícios como a recomposição de nascentes, contenção de assoreamentos e incremento da diversidade de polinizadores“, contou Candisani. Pra quem não sabe, ele é biólogo, por isso, fala com muita propriedade sobre estes assuntos.

“As minhas árvores vão retirar da atmosfera a parcela que me cabe no incremento do aquecimento global“, destacou. “É um primeiro passo sério e obrigatório, mas não basta. Compete a mim – e a todos nós – a tarefa de trabalhar pela redução real da nossa pegada ambiental. Precisamos dar passos rápidos e consistentes em direção a um sistema sustentável de produção e consumo pautado pela ética e pelos limites ambientais. Não temos outra saída”.

Não temos.

No caso de Candisani, é imprescindível que possa continuar realizando trabalho tão lindo de registro de práticas tradicionais de pesca – que têm marcado as realizações mais recentes – e da conservação da natureza (veja, por exemplo, o trabalho maravilhoso que ele faz numa reserva no Vale do Ribeira, em São Paulo, o Legado das Águas, e que resultou em uma bela exposição em 2015). E que continue a neutralizar sua pegada ecológica gigante, não só como resultado de sua consciência, mas também como inspiração.

Leia também:
Vergonha de voar por causa das mudanças climáticas, cresceu com Greta Thunberg e não vai parar, diz pesquisa

Fotos: Arquivo pessoal (retrato, na Amazônia) e Luciano Candisani

 

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