A pequena fêmea de peixe-boi marinho, de apenas 1,28 m, foi encontrada por uma turista e um pescador, encalhada numa praia Peito de Moça, no município de Luís Correia, no Piauí. A filhote ainda tinha o cordão umbilical.
Ela foi levada de volta ao mar pelos moradores locais, que tinham esperança de que a filhote encontrasse a mãe. Mas no dia seguinte, novamente, o animal encalhou em outra praia. Nova tentativa foi feita para que voltasse à água, todavia, à noite, a jovem fêmea estara na areia.
Como já tinham sido alertados sobre o incidente, equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversiade (ICMBio) e ONGs que trabalham na região com a conservação da biodiversidade – Comissão Ilha Ativa e Instituto Tartarugas do Delta, – entraram em ação.
A operação toda durou cinco dias e exigiu muita paciência, técnica e articulação. E lógico, dedicação e amor a este lindo trabalho de proteção e conservação dos animais brasileiros.
Para garantir a sobrevivência de Mocinha, nome dado pelos técnicos que cuidaram do filhote, a delicada operação de salvamento foi coordenada pelo ICMBio e contou com o apoio de diversos parceiros, entre eles, a Comissão Ilha Ativa e Instituto Tartarugas do Delta
A princípio, o peixe-boi foi levado temporiariamente para a sede do ICMBio em Cajueiro da Praia, no Piauí, que possui uma pequena piscina para atendimento de urgência a animais marinhos encalhados vivos. Lá, a Associação para Pesquisa e Conservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), com experiência no atendimento de encalhes de mamíferos aquáticos, orientou os técnicos da Comissão Ilha Ativa, que ficaram responsáveis pelos cuidados com Mocinha.
Cinco dias depois de ser achada, a fêmea finalmente foi transferida, de avião, para o oceanário do ICMBio em Itamaracá (PE).
Como ainda é filhote e foi retirada de seu ambiente natural, Mocinha deve passar os próximos anos no local, até que passe por um treinamento e possa, um dia, ser reintroduzida à natureza.
O peixe-boi da Amazônia
Menor dos peixes-bois existentes no mundo, a espécie amazônica (Trichechus inunguis) atinge entre 2,8 a 3 metros e pode pesar até 450 kg. Além disso, é a única que vive em água doce. Alimenta-se basicamente de plantas aquáticas e semi-aquáticas.
Podendo ser encontrado em rios ao longo de toda Bacia Amazônica, o nosso peixe-boi tem algumas características marcantes: uma mancha branca na região ventral (peito) e ausência de unhas nas nadadeiras peitorais, o que torna mais fácil diferenciá-lo das espécies marinhas e africanas.
Por possuir um couro cinza, extremamente resistente, no passado foi vítima da caça. Também era morto pelas populações ribeirinhas que consumiam sua carne. Considerado como espécie “vulnerável” pela Lista Vermelha da Conservação Internacional, o que signifca que ele é vulnerável ao risco de extinção, o peixe-boi tem hoje entre suas principais ameaças a destruição e a degradação do habitat natural, além da liberação de mercúrio nos rios e a contaminação da água por agrotóxicos, proveniente de plantações na Amazônia.
Outra preocupação de entidades protetoras é que a construção de represas hidrelétricas na região amazônica limita a variabilidade genética da espécie, já que se transformam em barreiras para o ir e vir dos peixes-bois e acabam isolando as populações.
Fontes: ICMBio e Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa)
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Fotos: ICMBio