Feira da Reforma Agrária do MST: terceira edição acontece em maio, em São Paulo

Ela está de volta! A Feira Nacional da Reforma Agrária, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), será realizada mais uma vez no Parque da Água Branca, no município de São Paulo. De 3 a 6 de maio, produtos de assentamentos de todo o Brasil serão expostos e comercializados nos pavilhões do parque.

Agricultores/as de todas as regiões estarão presentes. Além dos produtos agrícolas, são também oferecidos outros itens como café, doces, conservas, cervejas, cachaças artesanais, geleias, pães, mel, queijos, sucos, grãos e cereais. É um espaço privilegiado de encontro entre camponeses e consumidores, onde é possível conhecer um pouco mais da história dessas pessoas e a importância da bandeira da reforma agrária.

A última edição da feira, em 2017, reuniu cerca de 170 mil pessoas e comercializou 280 toneladas de alimentos saudáveis. O movimento é, hoje, o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Os produtos são limpos, livres de agrotóxicos. Trata-se de uma produção agrícola que faz bem à saúde e respeita trabalhadoras e trabalhadores e o meio ambiente.

O MST está organizado em 24 estados em todas as regiões do país. São cerca de 100 cooperativas, dezenas de agroindústrias e 1,9 mil associações. Ao todo, 350 mil famílias conquistaram a terra por meio da luta e da organização, segundo informações do próprio movimento.

Comparecer à III Feira Nacional da Reforma Agrária é, também, participar de um espaço que apresenta outras dimensões além da comida, como a luta pela terra, a saúde e a educação, presentes no dia a dia dos acampamentos. Tudo isso está presente também na programação, que convida o público a repensar a relação com a terra, com o meio ambiente, a alimentação e a própria sociedade.

Como nas edições anteriores, haverá uma rica programação de cultura popular, com atrações gratuitas durante os dias da feira.

O Brasil é um dos países com maior concentração de terras no mundo. São grandes latifúndios, e essa concentração e improdutividade, nem é preciso dizer, tem raízes históricas, desde a ocupação portuguesa, no século XVI.

Segundo estudo divulgado pela ONG Oxfam no final de 2016, quase metade da zona rural brasileira pertence a 1% das propriedades do país. Os estabelecimentos rurais a partir de mil hectares concentram 45% de toda a área de produção agrícola, gado e plantação florestal, enquanto estabelecimentos com menos de 10 hectares representam 47% do total de propriedades do país, mas ocupam menos de 2,3% da área rural total. Esses 47% são formados pelos pequenos produtores, que produzem mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa do brasileiro.

Comer é um ato revolucionário. Já tenho dito. E essa edição da Feira Nacional da Reforma Agrária é uma oportunidade de perceber o quanto a terra pode ser produtiva nas mãos de campesinas/os do Brasil.

O MST vai fazer o lançamento da feira no próximo dia 6 de abril, no Armazém do Campo, em São Paulo, espaço que comercializa exclusivamente a produção de assentamentos de todo o país.

Foto: Carlos Hansen

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Mônica Ribeiro

Jornalista e mestre em Antropologia. Atua nas áreas de meio ambiente, investimento social privado, governos locais, políticas públicas, economia solidária e negócios de impacto, linkando projetos e pessoas na comunicação para potencializar modos mais sustentáveis e diversos de estar no mundo.