Estudo associa poluição do ar com má qualidade de espermatozoides

Estudo associa poluição com má qualidade de espermatozoides

A exposição contínua a poluentes no ar, como partículas finas de matéria (PM2.5), pode deteriorar a qualidade dos espermatozoides. É o que aponta um artigo, divulgado na publicação Occupational & Environmental Medicine.

O estudo que foi realizado por pesquisadores das Universidades de Hong Kong e Utrecht, na Holanda, teve a contribuição ainda de cientistas de Taiwan e Xangai.

Feita em Taiwan, a pesquisa avaliou 6.476 homens, entre 15 e 49 anos, durante os anos de 2001 e 2014. Os espermatozoides dos participantes foram analisados, levando em conta concentração, motilidade e morfologia.

Segundo os autores do estudo, o resultado indica que a exposição ao material particulado 2.5 provoca mudanças na morfologia do espermatozoide.

As alterações morfológicas são modificações no formato dos gametas, as células sexuais do ser humano, no caso dos homens, os espermatozoides.

Os gametas considerados normais possuem calda longa e cabeça oval, não muito grande. Mas é necessário que, pelo menos, 30% dos espermatozoides presentes no organismo do homem tenham uma forma normal para que a fecundação seja bem-sucedida. Aqueles com problemas morfológicos não conseguem fecundar o óvulo.

Um artigo, publicado em julho deste ano na Human Reproduction Update, por pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, revela que, nos útimos 40 anos, homens ocidentais se tornaram menos férteis. A quantidade de espermatozoides nestes indivíduos diminuiu mais da metade.

O estudo inédito analisou 185 artigos sobre fertilidade, elaborados entre 1973 e 2011, com dados da América do Norte, Austrália, Europa e Nova Zelândia. A conclusão é alarmante: a concentração de esperma na população destes países caiu 52,4% e a contagem total teve uma baixa de 59,3%.

Especialistas em reprodução humana questionam a associação entre poluição e infertilidade. Acreditam que, apesar dos indícios, ainda é necessários o aprofundamento de pesquisas.

Vale lembrar, que apesar de não estar dentro do território chinês – Taiwan é uma ilha -, ela também sofre com a poluição. A China tem os mais altos níveis de poluentes no ar do planeta (leia mais aqui). Em um ranking divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2016, o país aparecia em 1º lugar, com um número assustador de 1 milhão e 32 mil mortes associadas à problemas de saúde provocados pela poluição.

Sem querer assustar os homens brasileiros em idade fértil, o Brasil está entre os 15 países onde mais pessoas morrem devido à poluição do ar.

Como melhorar esta situação? Em São Paulo, por exemplo, pressionando o governo contra a circulação de ônibus a diesel na capital!

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Foto: wikimedia commons/creative commons

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.