Estátua de escravagista é derrubada na Inglaterra, em um dos muitos protestos contra o racismo que tomaram as ruas do mundo

Estátua de escravagista é derrubada na Inglaterra, em um dos muitos protestos contra o racismo que tomaram as ruas do mundo inteiro

Desde que o guarda americano George Floyd, de 46 anos, foi morto por policiais brancos em Powderhorn, um bairro ao sul de Minneapolis, maior cidade do estado de Minnesota, nos Estados Unidos, o mundo inteiro reagiu – em protestos contra o racismo e ao assassinato de mais um homem negro, que perdeu a vida de maneira brutal, por causa da cor da sua pele.

Revoltadas com o ocorrido, que se tornou o estopim para séculos de discriminação e preconceito enfrentados por populações negras, mesmo diante da pandemia da COVID-19, milhões de pessoas se uniram às manifestações diárias nas ruas das principais cidades e países do planeta.

Os maiores protestos aconteceram nos Estados Unidos, reunindo multidões, só antes vistas durante o movimento liderado por Martin Luther King, na década de 60. Passeatas pacíficas foram realizadas em Nova York, Minneapolis, Detroit, Los Angeles e na capital, Washington D.C. Gritando as últimas palavras ditas por Floyd – “Eu não consigo respirar” e empunhando cartazes com a frase “Vidas Negras Importam“, os manifestantes pedem reformas urgentes na polícia e na justiça.

Esta manhã, na entrada do Congresso dos Estados Unidos, antes de apresentar um projeto de lei com mudanças, em homenagem a Georg Floyd, Breonna Taylor e Ahmaud Arbery (outras vítimas de crimes raciais naquele país), representantes do Partido Democrata fizeram um minuto de silêncio e se ajoelharam no chão – gesto que se tornou símbolo do movimento #VidasNegrasImportam.

Estátua de escravagista é derrubada na Inglaterra, em um dos muitos protestos contra o racismo que tomaram as ruas do mundo inteiro

Ruas lotadas em Barcelona

Na Europa, diversos países também registraram manifestações contra o racismo. Em Londres, houve uma das maiores. Apesar do governo local ter recomendado que as pessoas não participassem por causa do risco de contágio do coronavírus ainda alto na Inglaterra, milhares de britânicos foram para as ruas e uma grande concentração aconteceu na praça em frente ao Parlamento.

Na cidade de Bristol, manifestantes derrubaram a estátua de Edward Colston, um escravagista, que comprava e vendia escravos entre 1672 e 1689. Estima-se que ele tenha tirado da África cerca de 80 mil homens, mulheres e crianças.

Estátua de escravagista é derrubada na Inglaterra, em um dos muitos protestos contra o racismo que tomaram as ruas do mundo inteiro

Há anos a população já tinha demonstrado seu descontentamento com a homenagem pública a Colston. Ontem (07/06), com uma corda, a estátua de bronze, erguida em 1895, foi levada ao chão e depois jogada em um rio.

Protestos contra o racismo no Brasil

Em várias cidades brasileiras, milhares de pessoas também participaram de atos contra o racismo, mas também contra o governo e o fascismo e a favor da democracia. Na capital paulista, o Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, foi o principal ponto de encontro.

Os brasileiros lembraram os nomes de vítimas de crimes raciais, como a vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro, o adolescente João Pedro, morto com um tiro nas costas depois que a casa onde estava em São Gonçalo foi alvejada por mais de 60 tiros e também, o pequeno Miguel, de apenas 5 anos, filho de uma empregada doméstica, no Recife, que caiu do 9o andar, após a patroa permitir que ele entrasse sozinho no elevador do prédio, enquanto a mãe do menino passeava com o cachorro da família.

Estátua de escravagista é derrubada na Inglaterra, em um dos muitos protestos contra o racismo que tomaram as ruas do mundo inteiro

Como já escrevi aqui no Conexão Planeta, volto a repetir: juntos, como sociedade, TODOS NÓS precisamos pressionar e denunciar qualquer ato de racismo, discriminação, preconceito ou injúria. Precisamos conversar com nossos filhos e mostrar nossa indignação perante à ignorância e à intolerância: SOMOS TODOS IGUAIS, independente da cor da nossa pele, das nossas crenças religiosas, políticas, da nossa opção sexual. É exatamente esta diversidade que nos faz sermos seres tão vibrantes, maravilhosos e únicos.

E mais do que isso, não deve haver espaço para dúvida na sociedade: quem comete um crime de racismo precisa pagar por ele! A impunidade não pode ser admitida. Ainda mais, entre aqueles que deveriam ter como missão proteger a população, ou seja, a polícia.

Os responsáveis pela morte de João Pedro e tantos outros brasileiros, negros, que perderam suas vidas, precisam ser julgados o mais breve possível e cumprir suas penas.

Confira abaixo imagens marcantes dos protestos em São Paulo e na Europa:

Estátua de escravagista é derrubada na Inglaterra, em um dos muitos protestos contra o racismo que tomaram as ruas do mundo inteiro

*Com informações da BBC

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Fotos: reprodução vídeo Twitter e Pedro Mata e Xavi Ariza/Fotomovimiento/FotosPúblicas (Espanha) e Guilherme Gandolfi / @guifrodu e Filipe Araújo/Fotos Públicas (São Paulo)

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.