Espetáculo da desova de bilhões de corais é esperança para recuperação da Grande Barreira na Austrália
Ao longo das últimas décadas, os recifes de corais foram severamente afetados pela crise climática. Várias regiões do planeta presenciaram o fenômeno do branqueamento e a mortalidade dos mesmos. Muitos desses organismos têm perdido sua coloração devido às altas temperaturas das águas marinhas, uma consequência do aquecimento da superfície da Terra, já que 93% do calor que fica preso na superfície do planeta é absorvido pelos oceanos. Então, é um alívio quando biólogos marinhos podem presenciar de perto um espetáculo da natureza como o que aconteceu na Austrália há poucos dias.
Esta é a época do ano da desova dos corais. Durante alguns dias, no período da lua cheia de novembro, cientistas presenciaram bilhões e bilhões de espermatozóides e óvulos flutuando pelas águas da Grande Barreira de Corais. Os biólogos da organização Reef Teach, de Cairns, mergulharam para registrar e estudar o fenômeno e divulgaram imagens lindas nas redes sociais.
Eles explicam que são necessárias algumas condições para a desova, como por exemplo, a temperatura adequada, assim como a maré, já que a água deve apresentar pouca movimentação para que o espermatozóide consiga fecundar o óvulo.
“Em certas partes dos recifes de corais, a desova aumentou enormemente nos últimos três anos. Este evento espetacular de reprodução em massa, uma vez por ano, é uma grande oportunidade para o crescimento da cobertura de corais e da melhora da saúde da Grande Barreira”, explicam os especialistas.
Bilhões de pontinhos flutuando no mar, em cores que variam entre rosa, roxo e azul,
dependendo da espécie do coral
As condições da água este ano estavam perfeitas para o registro da desova
Os pesquisadores aproveitam esta oportunidade para determinar também que espécies de corais estão se reproduzindo na região.
“Tivemos outra bela noite de desova de coral em Milln Reef ontem à noite com espécies semelhantes de coral explodindo como na noite anterior em Flynn. Fantástico de ver! Este vídeo destaca alguns dos momentos favoritos da desova da viagem até agora”, relata a equipe da Reef Teach:
Segundo o levantamento, “Status of Coral Reefs of the World: 2020” da organização Global Coral Reef Monitoring Network (GCRMN), divulgado no mês passado, o aumento da temperatura dos oceanos provocou perda de 14% dos corais do mundo desde 2009. Apesar de os recifes cobrirem apenas 0,2% do fundo dos oceanos do planeta, eles abrigam 25% de todas as espécies de vida marinha, fornecendo habitat e alimentos para esses seres.
Leia também:
Cientistas brasileiros fazem registro inédito no mundo de reprodução de corais branqueados
Para preservar recifes de corais, a Tailândia proíbe uso de protetor solar em praias paradisíacas
Em primeira nova descoberta após 120 anos, cientistas se deparam com recife de 500 m de altura na Grande Barreira de Corais
Sem turistas, devido à pandemia do coronavírus, mergulhadores se unem a cientistas para restaurar a Grande Barreira de Corais da Austrália
Fotos e vídeo: Reef Teach/Nick De Gabriel e @calypsoreefimagery/ @underwater_images e @reefteach
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.