Espécie em risco de extinção, jacutingas nascidas no Parque das Aves, no Paraná, são levadas para reintrodução na Serra da Mantiqueira, em SP

Espécie em risco de extinção, jacutingas nascidas no Parque das Aves, no Paraná, são levadas para reintrodução da Serra da Mantiqueira, em São Paulo

Desde 2017, o Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no Paraná, participa do Projeto Jacutinga, uma parceria com a Sociedade para Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), que tem como objetivo reintroduzir a espécie, na região da Serra da Mantiqueira, em São Paulo.

No passado, as jacutingas (Aburria jacutinga) podiam ser vistas em abundância pela Mata Atlântica brasileira. Eram encontradas desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, norte da Argentina e Paraguai, todavia, infelizmente, aos poucos, essas lindas aves desapareceram de nossas matas por causa da caça ilegal e a perda de habitat. Atualmente a espécie é considerada em risco de extinção. Sua população é estimada em aproximadamente 2 mil indivíduos e com tendência de declínio.

Em 2021, como contei nesta outra reportagem, quatro filhotes da espécie nascidos no Parque das Aves já tinham sido levados para uma área protegida na Serra da Mantiqueira, em São Francisco Xavier.

E na semana passada, outros três filhotes, um macho e duas fêmeas, foram transportados de avião* para São Paulo. Nos últimos cinco anos, treze jacutingas já saíram do Paraná para repovoar as matas do estado vizinho.

Batizadas de Neve, Atchin e Zangão – todas as aves do Projeto Jacutinga recebem nomes para facilitar as observações e o treinamento -, agora os filhotes passarão por uma fase de adaptação antes de serem soltas na mata. Ficarão num recinto de reabilitação.

“Já durante os treinamentos observamos se vão estar aptas a viverem sozinhas na natureza, reconhecendo predadores, alimentando-se do que a mata tem para oferecer, e voando pelas copas das árvores. Após a liberação, acompanhamos os sinais emitidos por seu transmissor e checamos se está desempenhando seu importante papel ecológico como dispersora de sementes”, explicou Alecsandra Tassoni, coordenadora do projeto, no ano passado.

Depois do processo de treinamento, a soltura é gradual, o chamado “soft release”. Após três meses a porta do recinto é aberta e há um convite sutil para que os animais examinem a floresta do entorno. Eles podem escolher sair quando se sentem confortáveis. “É uma etapa que requer muita dedicação, monitoramento diário e uma preparação de toda a equipe”, ressalta a especialista.

Confira abaixo o vídeo divulgado pelo Parque das Aves no último dia 5 de julho, quando as jacutingas viajaram para São Paulo:

A belíssima jacutinga

A jacutinga possui penas predominantemente negras com tons arroxeados, detalhes em branco nos ombros e na cabeça, bico azulado e nas barbelas as cores azul e vermelha. Outra característica que a difere dos representantes do gênero Aburria é a fronte negra e a região ao entorno dos olhos em branco. E quando fica em estado de alerta, ganha uma crista eriçada e branca.

Espécie em risco de extinção, jacutingas nascidas no Parque das Aves, no Paraná, são levadas para reintrodução da Serra da Mantiqueira, em São Paulo

A espécie não costuma fazer voos longos. Permanece a maior parte do tempo na copa das árvores. Quando vai ao chão, é sempre por pouco tempo. Sua dieta é muito diversificada, ingerindo sementes, frutos, folhas, flores e insetos.

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*Os filhotes de jacutingas foram transportados gratuitamente pela companhia aérea LATAM através do  programa Avião Solidário.

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Fotos: divulgação Parque das Aves

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.