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Especialistas alertam sobre invasão de arraias no Rio Tietê e aumento de acidentes com ferrão do animal

Especialistas alertam sobre invasão de arraias no Rio Tietê e aumento de acidentes com ferrão do animal

Para quem não sabe, arraias não vivem apenas no mar. Há também as fluviais, peixes adaptados às águas de rios e lagos e encontradas nas bacias hidrográficas de toda a América do Sul. Apesar de não serem agressivas, aquelas do gênero Potamotrygon, quando pisadas ou manuseadas, podem se defender e para isso usam seus ferrões com venenos. A ferroada causa extrema dor e na maioria dos casos, necrose na pele. Por isso, o contato com elas deve ser evitado, todavia, nas últimas décadas tem sido registrado um aumento da presença desses animais em trechos do baixo rio Tietê, no estado de São Paulo, sobretudo nas regiões dos municípios de Pereira Barreto, Araçatuba e Buritama.

No passado não havia arraias nessas áreas. Entretanto, especialistas explicam que a chegada das arraias ali foi provocada por modificações humanas no meio ambiente. O fenômeno da invasão desses peixes se deu primeiramente no médio e alto rio Paraná, após o represamento do Salto de Sete Quedas para a construção da Usina de Itaipu há 40 anos. Sem as barreiras naturais, como quedas e cachoeiras, eles começaram a subir o rio e se alastrar para novos lugares. Em pouco tempo, chegaram à foz dos rios Paranapanema e Tietê.

“As arraias são peixes sem predadores, que ocupam espaços de outros peixes da fauna local. Sua colocação nos novos ambientes altera a ecologia original. Não havia arraias antes do fechamento das comportas de Itaipu no rio Paraná acima de Sete Quedas”, explica Vidal Haddad Júnior, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu. “Hoje as arrais estão abaixo do 1/3 final do rio Tietê. E em progressão. Isto envolve, então, impactos sobre a fauna e também humanos, pela possibilidade de acidentes sérios por um peixe peçonhento. A primeira arraia capturada no rio Tietê foi descrita por nós em 2005”.

Para se defender, as arraias usam sua cauda como um chicote e
é neste momento que o ferrão atinge a vítima

No ano passado, a pesquisadora da Unesp Isleide Moreira fez um mapeamento das arraias fluviais no rio Tietê. Foram observadas quinze delas do gênero Potamotrygon e feitas entrevistas com pescadores locais. No gráfico abaixo ela mostra os acidentes relatados nos diferentes municípios da região.

Especialistas alertam sobre invasão de arraias no Rio Tietê e aumento de acidentes com ferrão do animal

Interação deve ser evitada

As arraias do gênero Potamotrygon têm o corpo em formato de disco e coberto por bolinhas amarelas/alaranjadas com as bordas pretas.

Um dos principais problemas é que elas têm o hábito de ficarem semienterradas em fundos arenosos e lodosos, ou seja, muito pouco visíveis. E com isso, banhistas que utilizam praias artificiais criadas pelo represamento das águas dos rios ficam mais vulneráveis a acidentes, embora pescadores sejam sempre as principais vítimas. As ferroadas geralmente ocorrem em membros inferiores, como pés e pernas. “Estudo acidentes por arraias fluviais há mais de 30 anos. Já cuidei de mais de 100 pacientes. Menos de 5% não necrosaram”, diz Haddad Júnior.

Por esta razão, esses especialistas alertam que é preciso promover a conscientização entre pescadores e população em geral para evitar esses acidentes.

“Não há solução para a invasão e o peixe agora tem que ser considerado como parte da fauna. Mas há como prevenir acidentes e orientar a população, que é nosso plano já em andamento”, ressalta o professor da Unesp.

Recomendações após um acidente com arraias

– Em primeiro lugar, é importante sair da área e não tentar capturar o animal, evitando assim um segundo ataque;
– Mergulhar o local do ferimento em água quente (mas não fervente) por 30 a 90 minutos;
– Não jogar nenhum líquido ou substância sem eficácia no local da ferida;
– Não fazer torniquetes nem compressas de gelo;
– Procurar assistência médica o mais rápido possível (caso seja necessário, o médico ou profissional de saúde pode receitar antibióticos devido à alta quantidade de bactérias que podem se proliferar no local da ferida).

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Fotos: Vida Haddad Júnior

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