Escócia é o primeiro país do mundo a incluir aulas sobre LGBTQIAP+ no currículo das escolas

LGBTQIAP+

Não foi à toa que essa resolução foi tomada. A Escócia é um dos países da Europa que mais dão proteção à população LGBTQIAP+ – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queers, Intersexuais, Assexuais e Pansexuais. E, por isso, na semana passada, 8/11, ministros escoceses aceitaram as 33 recomendações formuladas pelo grupo de trabalho Educação Inclusiva LLGBTQIAP+, criado em abril de 2017 e liderado por integrantes da campanha Time for Inclusive Education, TIE (Tempo para Educação Inclusiva). Com um detalhe: o governo escocês aceitou as sugestões por completo, sem nenhuma alteração.

John Swinney, vice-presidente escocês foi quem apresentou, ao Parlamento, o relatório e as linhas de recomendação do grupo de trabalho liderado pela TIE e que reuniu dez comissões e associações governamentais e não-governamentais, inclusive católicas.

Assim, a Escócia se torna o primeiro país a incorporar o ensino dos direitos LGBTQIAP+ no currículo escolar. Em breve, as escolas públicas serão obrigadas a ensinar aos alunos a história das igualdades e dos movimentos LGBTQI+, como também orientá-los sobre como combater a homofobia, a biofobia e a transfobia, o que inclui aprender a utilizar a terminologia da identidade de gênero.

A intenção é que, durante as aulas, crianças e jovens LGBTQI+ sintam-se seguros, apoiados e incluídos na escola, promovendo a tolerância e as relações positivas entre todos.

Para tanto, o governo se comprometeu a assegurar boa formação para os atuais e futuros professores, além de melhorar a monitoria de casos, assegurando a inclusão e facilitando o registo de queixas de bullying. As aulas deverão ser transversais no que tange a idades e disciplinas diversas, reunidas em diferentes temas.

De acordo com o cofundador da campanha TIE, Jordan Daily, a medida encerra o “legado destrutivo” de um artigo (de número 28) de uma lei de 1988 que proibia as autoridades do Reino Unido de “promover” a homossexualidade. Vale ressaltar que essa lei foi revogada na Escócia em 2001 e no Reino Unido em 2003. As consequências dessa ideia absurda ainda perdura.

Por isso, a aprovação da medida é considerada pelos ativistas como um momento histórico, também porque eles acreditam que, com ela, o preconceito e a prática de bullying podem diminuir. Além disso, neste momento de tantas incertezas, reforça para os jovens LGBTQIAP+ que eles têm valor, que são respeitados e têm um lugar no mundo.

Progressista, mas com pouca informação  

Recentemente, a TIE divulgou estudo que apontou que 9 em cada 10 escoceses da comunidade LGBTQI+ passaram por situações de homofobia na escola e 27% contaram que tentaram cometer suicídio por causa de bullying.

A pesquisa também identificou que, dentro das escolas, era mínimo o entendimento a respeito do preconceito contra pessoas de outra orientação sexual e de gênero, que não heterossexual. Também de corpos intersexuais. E olha que, como comentei no inicio deste texto, a Escócia é considerada um dos países mais progressistas da Europa nesse quesito, apesar de ter descriminalizado a homossexualidade somente em 1980, ou seja, treze anos depois do País de Gales e da Inglaterra.

E veja que interessante: o país já teve “o parlamento mais gay do mundo”, como nomeou a ex-líder trabalhista escocesa Kezia Dugdale, em 2016, porque 4 dos 6 líderes partidários da Escócia se identificavam como gay, lésbica ou bissexual.

Foto: Cory Woodward/Unsplash

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.