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Em vídeo, médica brasileira, que vive na Itália, conta como manter a saúde mental durante a quarentena do coronavírus

Há quatro dias, a médica epidemiologista Sabrina Simon, que vive há seis meses em Turim, na Itália, gravou um vídeo curtinho – de pouco mais de 4 minutos – e o publicou no Instagram para relatar como tem sido a quarentena contra o COVID-19 ou coronavírus no país. Ela estava no 25o. dia de isolamento e pensou em fazer um alerta para nós, brasileiros, sobre o que nos espera, para que possamos aprender com os erros e acertos dos italianos.

Fez isso também porque viu sua família, que mora no Brasil, demorar para se isolar e, acompanhando as notícias, que brasileiros pareciam adotar comportamentos parecidos com o dos italianos, que podem ter agravado o cenário da transmissão do vírus no país.

Como foi um dos primeiros países a identificar o coronavírus depois da China, o governo da Itália demorou para compreender a gravidade da situação, por isso o isolamento social se iniciou em períodos diferentes em cada região. Em Turim, onde Sabrina estuda doutorado em epidemiologia – veja só! -, ele só aconteceu em 24 de fevereiro, depois do caos instalado na Lombardia, “mas no país, oficialmente, foi um pouco depois”, conta

“O Brasil tem a vantagem de poder aplicar o que aprendemos aqui. A gente não sabia nada, havia uma falta de preparação completa. Agora, sabemos que o isolamento não pode durar 15 dias, como disseram. Então, é bom que os brasileiros se preparem para ficar muito tempo em casa e se esforcem para manter a mente saudável“, disse ela em entrevista à uma TV do Ceará.

Ontem, fez um mês que Turim decretou quarentena. “Esse foi o dia em que os primeiros casos na região de Piemonte foram registrados e a doença ultrapassou os limites da Lombardia. As aulas nas universidades e nas escolas foram suspensas, igrejas foram fechadas, mas parte do comércio e alguns serviços continuaram funcionando na primeira semana”.

A quarentena tem fases

Logo no início do vídeo do Instagram, ela conta que “a quarentena tem fases e elas vão acontecer no Brasil também. E pra vocês conseguirem superar isso é preciso planejamento. Por isso, eu vou falar sobre as fases pelas quais vocês vão passar – pelas quais a Itália já passou ou está passando – e o que precisa ser feito para conseguir manter a sanidade mental nesse período”.

Segunda ela, na primeira semana havia um clima de quase férias. “As pessoas não estavam entendendo o que estava acontecendo. Levavam as crianças ao parque, faziam suas caminhadas e atividades físicas normalmente. Era inicio de primavera e elas queriam aproveitar o tempo ao ar livre”. Mas, por outro lado, esvaziaram as prateleiras dos supermercados com medo de ficarem sem comida.

Na segunda semana de isolamento, o tédio começou a se manifestar. Todos os italianos foram para casa e somente mercados e serviços públicos puderam continuar abertos. Tudo parecia muito pesado. Foi, então, que muitos foram para as sacadas de seus apartamentos para confraternizar com os vizinhos: cantaram juntos, tocaram instrumentos diversos, mostraram suas habilidades, celebraram juntos tomando vinho… Tentaram amenizar o isolamento e transformá-los em momentos agradáveis e viralizaram seus vídeos nas redes sociais, mostrando que a vida pode ser bela, mesmo na adversidade.

“Na terceira semana, o silêncio começou a predominar. A sensação era de generalização de um estado deprimido. Não uma depressão, mas uma tristeza”. Perdeu o sentido cantar, fazer videos e memes engraçados, tudo começou a pesar por causa da incerteza do período em que todos viveriam confinados.

Quando Sabrina gravou o vídeo, na quarta semana (semana passada), como os casos de óbito continuavam aumentando, já se esperava que o decreto fosse mantido, como foi. Ela contou que não havia mais motivo pra pânico porque as dispensas continuavam cheias e os italianos perceberam que não faltou comida. E destacou: “o que tem que ser motivo de preocupação é a saúde mental”, que, na sua opinião, pode ser driblada de duas maneiras.

Manter a rotina e fazer um novo projeto

A primeira sugestão da brasileira para não “enlouquecer” é manter a rotina diária de adultos e crianças. Se os pequenos iam à escola pela manhã, faça atividades com eles que preencham boa parte desse período, mantenha os estudos, oriente para que revejam lições e o que aprenderam até a quarentena, por exemplo.

“Há muitas plataformas de ensino regular que estão liberando o acesso para que se continue estudando, então, não adianta pensar que Netflix e brincadeiras vão conseguir manter nossa sanidade mental por dois meses”, alerta. Isto é válido para crianças, jovens e adultos. Continue estudando!

Creio que não é recomendável dormir até tarde, para crianças e para os adultos. Não estamos de férias, afinal. E, se você se entrega à preguiça e “não faz nada, o cérebro pode entender que todo dia é domingo”, destaca Sabrina. Por isso, é importante que todos mantenham o ritmo diário anterior.

A segunda sugestão da epidemiologista é que adultos, jovens e crianças se dediquem a criar um projeto neste período, “algo que possa ser transformado num novo trabalho”. Talvez “um projeto que vc sempre quis tirar do papel e ainda não conseguiu”. Agora terá tempo para se dedicar à ele. E alerta: “Não se trata de uma faxina, de ler um livro, mas de um projeto trabalhoso, que vai exigir dedicação e esforço”. Exemplos? “Criar um blog, fazer um curso longo e difícil. Tem gente que vai fazer TCC, tá salvo nesta quarentena!”.

Sabrina ressalta que é importante que esse novo projeto tenha objetivos, metas e resultados definidos porque, do contrário, a motivação inicial se perderá. E finaliza: “O blog que criei me mantem ocupada porque tenho uma pilha enorme de posts pra fazer”.

Agora, assista ao vídeo:

Foto: Reprodução Facebook

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