Em fevereiro deste ano, eu escrevi sobre as imagens de armadilhas fotográficas que mostravam um possível “namoro” entre duas onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná: Indira e Peter. Algum tempo antes, a fêmea já tinha sido avistada com outro macho, o Kaluanã. Toda a movimentação registrada pelas câmeras foi acompanhada pela equipe do Projeto Onças do Iguaçu, que monitora e faz pesquisas sobre a espécie, a Panthera onca, na região.
Os especialistas do projeto explicam que onças não são monogâmicas, então um macho pode acasalar com várias fêmeas. Os casais só permanecem juntos durante o período de cio delas, que dura em torno de seis a 16 dias.
Então, não se sabe exatamente quem é o pai, mas Indira é com certeza a mãe do novo filhotinho que tem sido visto andando ao lado dela pelo parque. O primeiro vídeo dos dois juntos foi divulgado em meados de setembro e mais recentemente, ela apareceu com sua oncinha, que ainda não se sabe o sexo, mas deve ter uns 3 meses de vida.
“Esperamos que esse novo filhotinho da Indira possa ser protegido por essa floresta e pelas pessoas que se importam com as nossas onças. Que juntos possamos garantir que essa oncinha sobreviva. Nesse parque que é sua casa e seu refúgio”, escreveu o Onças do Iguaçu.
Indira: a onça guerreira
Todas as onças monitoradas pelo Onças do Iguaçu recebem nomes. Elas são identificadas através das diferentes pintas (rosetas) em sua pele, já que as de um animal nunca são iguais ao de outro.
Indira foi vista pela primeira vez pelos biólogos do projeto quanto tinha aproximadamente uns cinco meses. Estava sozinha, órfã. Suspeita-se que a mãe tenha morrido ou dispersado. Mas apesar de a presença da fêmea ser importantíssima no desenvolvimento dos filhotes, Indira conseguiu sobreviver.
No ano passado, ela apareceu com seu primeiro filhotinho, batizado de Aritana, em homenagem ao líder indígena, vítima da covid.
Indira possui um colar GPS, que foi colocado nela há poucos meses, durante uma breve captura. Com o equipamento, é possível acompanhar seu deslocamento pela floresta.
As onças do Parque Nacional do Iguaçu
Estima-se que restem na Mata Atlântica apenas entre 230 e 300 onças-pintadas (Panthera onca). Um terço delas está justamente na área que abrange o Parque Nacional do Iguaçu e reservas adjacentes do lado argentino. Esta é a única população da espécie neste bioma que, historicamente, tem apresentado crescimento.
No começo dos anos 2000, notou-se uma grande queda no número de indivíduos naquela região. Em 2009, acreditava-se que sobravam somente entre nove e onze onças. Mas gradativamente, a situação foi melhorando. Em 2014, um censo revelou a presença de 17 indivíduos. Dois anos mais tarde já eram 22, e em 2018 foram contabilizadas 28 delas.
Todavia, o último censo apontou uma estabilidade. No parque brasileiro, o número médio é de 24 animais (entre 20 e 28). E agora mais um!
“Apesar da estimativa média ter sido menor que a de 2018, isso estatisticamente não representa uma redução significativa, e sim uma estabilidade da população”, explicou Yara Barros, coordenadora do Onças do Iguaçu, na época da divulgação do censo.
Já no chamado Corredor Verde, área situada entre a fronteira da Argentina com o Brasil, estima-se que sejam 90 animais (entre 76 e 106).
Foto de abertura: reprodução vídeo





