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Em meio à tragédia de Petrópolis, voluntários do GRAD resgataram mais de 100 animais em 2 dias, mas centenas ainda precisam de ajuda

Texto atualizado em 23/2/2022

Hoje faz seis dias que o GRAD – Grupo de Resgate de Animais em Desastres está em Petrópolis, socorrendo e atendendo animais assustados, perdidos, machucados, que ficaram sem seus tutores, e encaminhando estes para doação.
Os oito membros voluntários da organização trabalham praticamente sem parar, se arriscando em lugares de grande perigo, e ainda falta encontrar centenas de animais. “Nossa ação em Petrópolis não tem data para a acabar. Ainda estamos no período emergencial, onde tudo muda o tempo todo, mas seguimos firmes!”.
Por isso, é imprescindível manter as doações: tanto de dinheiro como de ração e de materiais. As doações em dinheiro podem ser feitas pelo PIX 04.085.146/0001-38. Doações de ração e materiais (como máquinas de tosa), devem ser feitas diretamente na base do GRAD (Estrada União e Indústria, 5077, loja 15, Correas Mell – Escritório RioOito, Petrópolis, RJ). Informações sobre os animais resgatados podem ser obtidas pelo número (19) 98887-2600.

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Texto escrito em 21/2/2022:

“Em 2011, quando começou este nosso trabalho, estávamos aqui na região serrana do Rio de Janeiro, exatamente nessa mesma época do ano. Hoje, a gente está aqui novamente! Estou na nossa viatura, gravando este vídeo, indo para uma clínica com o carro lotado de animais que foram resgatados, animais debilitados, animais cujos donos perderam suas casas, animais que perderam seus tutores. A gente vê que tudo se repete: não há políticas públicas para prevenção de desastres funcionando, infelizmente. Vemos a mesma situação: pessoas desesperadas, tentando encontrar seus parentes, seus amigos e, mais uma vez, a gente está aqui ajudando da forma que pode para que os animais não sejam uma preocupação para essas pessoas neste momento”.

Este foi o desabafo que a médica veterinária Carla Sassi gravou e publicou em seu Instagram, na última sexta-feira, 17 de fevereiro. Ela é coordenadora de campo do GRAD – Grupo de Resgate de Animais em Desastres, e está em Petrópolis desde o dia 16 com mais sete voluntários que integram a organização. 

Foto: reprodução do Instagram

No ano em que o GRAD foi criado, Carla e outros voluntários trabalharam na mesma região resgatando animais sobreviventes da “maior catástrofe climática do país”.

Em 11 de janeiro de 2011, uma tempestade avassaladora atingiu Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Bom Jardim, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto e Areal. De acordo com dados do governo do estado, matou 918 pessoas, deixando 30 mil desalojadas e 99 desaparecidas. 

Animais nunca entram nessas estatísticas, mas fazem parte efetiva dessas tragédias. Cães – a maioria –, gatos, coelhos, galinhas e peixes, entre outros bichos inclusive fêmeas grávidas e recém-nascidos -, ficam machucados, isolados, perdidos e assustados em meio à destruição. Em alguns casos, seus tutores morreram durante a tempestade. Precisam de resgate, atendimento e encaminhamento.

E a organização ainda tem o cuidado de registrar cada animal resgatado para tornar possível sua localização caso sejam procurados pelos tutores.

“Todos os animais resgatados por nossas equipes estão devidamente registrados e identificados. Qualquer informação pode ser solicitada presencialmente na nossa base (veja o card ao lado) ou pelo telefone (19) 98887-2600“.

“Nas residências em que a gente passa, nas quais os tutores não são encontrados, nem os vizinhos que possam passar informações, deixamos um formulário com observações e as características dos animais para que as pessoas entrem em contato conosco e possam reencontrá-los”, destacou a médica veterinária Luciana Guimarães, durante live na noite de 21 de fevereiro, pelo Instagram.

“Estamos aqui planejando todas as ações do dia, como fazemos sempre”, contou Carla na mesma live. “Tudo é devidamente registrado – os resgates, as doações e as demandas. Isso mantém nosso trabalho devidamente organizado”. 

Solidariedade e doações

Desde que chegaram à Petrópolis, os voluntários da organização não param. Dormem pouco, fazem suas refeições do jeito que dá – contando, em geral, com a solidariedade de moradores locais – e se arriscam em áreas de acesso complexo. 

“Tem o resgate no qual ajudamos a salvar o animal e o tutor consegue ficar ele ou levar para a casa de um amigo, tem os animais que precisam ser encaminhados para o atendimento veterinário e tem aqueles que resgatamos e precisamos de um lar temporário, como a casa de outro morador, um hotel para pets”, comenta a médica veterinária Vania Plaza Nunes, diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, do qual faz parte o GRAD.

De São Paulo, ela organiza a logística da equipe de campo, buscando locais de apoio para receber e atender os animais, além de centralizar as ligações com pedidos de ajuda que são repassados para o time em Petrópolis. 

E todo o trabalho de resgate só se sustenta graças à parceria de instituições e organizações locais – neste caso, “a OAB, a Defesa Civil, o governo do estado e o Conselho Regional de Medicina Veterinária do estado”, como salienta a médica veterinária Betânia Monteiro –, e também graças a doações em dinheiro, de ração e outros insumos e materiais.

Foto: reprodução do Instagram

As doações em dinheiro podem ser feitas pelo PIX 04.085.146/0001-38 e se destinam à compra de vacinas e medicamentos, combustível para as viaturas, pagamento de pessoas que prestam serviço após o resgate, despesas com deslocamento, hospedagem e alimentação dos voluntários, entre outras necessidades diárias urgentes.

As doações de alimento e materiais devem ser entregues diretamente na base do GRAD (veja o card indicado mais acima, no texto).

Para atender e abrigar os animais cujos tutores ainda não foram encontrados ou não puderam buscá-los ou morreram, o GRAD alugou uma casa e está em vias de alugar outra. Por isso também as doações em dinheiro são tão urgentes.

Os animais sem dono estão sendo colocados para doação. Quem tiver interesse deve procurar a organização pelos contatos que passei, acima.

Mais 250 animais em áreas de total risco

Em apenas dois dias, o GRAD resgatou mais de 100 animais, “que estão em clínicas parceiras e lares voluntários”, conta a organização em seu perfil no Instagram

“Alguns animais perderam suas famílias. Muitos tutores só aceitaram sair de casa após retirarmos seus animais. Já realizamos sete evacuações assim; somente em uma casa foram 20 gatos”. Em outra, os voluntários encontraram uma cachorrinha cega e idosa numa casa abandonada no Morro do Oficina. Em outra, diversos filhotes sozinhos: a mãe está desaparecida, então, certamente não sobreviveu.

Cachorrinha idosa e cega é resgatada de casa abandonada / Foto: reprodução do Instagram

A organização já está atuando com um novo plano de ação para resgatar cerca de 250 animais em áreas de total risco, mas conta que, para isso, depende da estabilidade do tempo, de mais lares temporários e de doações.

“A chuva está dificultando muito as ações, o trânsito está caótico, pequenas distâncias demoram horas e tudo é muito incerto ainda. As pessoas querem seus animais, mas, no momento, não conseguem levá-los. Por isso, precisamos muito de lares temporários e de doações para a aquisição de vacina múltipla para esses animais seguirem imunizados”. 

E finaliza: “Nossa ação em Petrópolis não tem data para acabar. Ainda estamos no período emergencial, onde tudo muda o tempo todo, mas seguimos firmes!”.

A médica veterinária Carla Sassi num momento de pausa junto com um dos cachorros resgatados em Petrópolis / Foto: reprodução do Instagram

Fotos: Reprodução do Instagram

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