Em apenas seis meses, ingleses deixam de usar 6 bilhões de sacolas plásticas

sacolas plásticas

Quando a lei da cobrança de sacolas plásticas entrou em vigor na Inglaterra, em outubro de 2015, houve muita gritaria e reclamação. Como sempre, os alarmistas afirmavam que seria um caos. O problema não era o valor a ser pago pela sacola – apenas 5 centavos de pound, cerca de 20 centavos de real -, mas como consumidores e comerciantes ingleses iriam se acostumar com a nova regulamentação. Faria mesmo grande diferença deixar de distribuir sacolas de plástico gratuitamente no comércio?

Os números acabam de comprovar que sim. A nova lei já fez uma gigantesca diferença no uso e descarte desnecessário de plástico. Um levantamento realizado com os principais supermercados do país mostrou que somente seis meses após entrar em vigor, 6 bilhões de sacolas plásticas deixaram de ser distribuídas. Seis bilhões!

Entre outubro de 2015 e abril de 2016, os sete maiores supermercados da Inglaterra viram uma queda de 85% na entrega de sacolas, de 7,6 bilhões de unidades para 600 milhões.

Além disso, não houve caos nem histeria. Os britânicos simplesmente aceitaram a nova lei e se acostumaram a carregar suas sacolas reutilizáveis, feitas de tecido ou plástico mais resistente, que duram anos e anos. Um estudo realizado pela Universidade de Cardiff, um mês antes da lei entrar em vigor, já revelava que 9 entre 10 consumidores afirmavam que usariam sem problema nenhum suas próprias sacolas.

Na verdade, os ingleses foram os últimos do Reino Unido a adotar a medida ecologicamente correta. Escócia, Irlanda, Irlanda do Norte e Wales já tinham passado lei similar há mais tempo.

“O mais impressionante sobre a lei das sacolas plásticas é mostrar como mesmo a cobrança de um valor tão pequeno pode ser tão bem sucedida e mostrar excelentes resultados”, destacou David Powell, da organização New Economics Foundation, em entrevista ao jornal The Guardian.

Agora o próximo alvo dos britânicos são os bilhões de copos de café usados diariamente pelas grandes redes do setor, como Star Bucks, Caffè Nero e Costa. O problema é que sempre se achou que eles eram recicláveis, mas agora sabe-se que não: eles não são! Já há um forte movimento no país, com apoio de ambientalistas, para que consumidores sejam obrigados a pagar pelo uso dos copos e dessa maneira, pressionar as redes para adotar a utilização de copos de vidro ou cerâmica ou que então, os consumidores levam os seus de casa.

O grande problema de sacolas e copos plásticos é que por demorarem anos para se decompor na natureza, eles acabam tendo como principal destinos os oceanos. No mar, aves, peixes e outros animais se alimentam dos resíduos plásticos, provocando a intoxicação ou morte dos mesmos.

Fazendo uma conta rápida, dá para calcular que se em seis meses 6 bilhões de sacolas plásticas deixaram de ser distribuídas, em um ano, esse número seria de 12 bilhões. Em uma década, 120 bilhões. É só colocar na ponta do lápis e ver que sim, faz diferença.

Leia também:
Quer sacola plástica? Então pague por ela!
Vídeo da Nasa revela ilhas de lixo no planeta
Estados Unidos proíbem uso de micropartículas plásticas em cosméticos
Lixo plástico ameaça 99% das aves marinhas

Foto: divulgação Sainsbury

2 comentários em “Em apenas seis meses, ingleses deixam de usar 6 bilhões de sacolas plásticas

  • 10 de outubro de 2016 em 1:53 PM
    Permalink

    Simbora pegar carona nessa ideia mais os ingleses!
    O Natal tá chegando aí… diga não para as embalagens de plástico!
    Grande abraço na Equipe do Conexão Planeta!

    Resposta
    • 11 de outubro de 2016 em 4:15 AM
      Permalink

      É isso mesmo, Fátima!
      Obrigada pelo carinho de sempre,
      Suzana

      Resposta

Deixe uma resposta

Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.