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Educação pela vida


Em dezembro de 2016 celebrou-se um ano do Acordo de Paris que prevê a redução de emissões de gases de efeito estufa para limitar o aquecimento global. Apesar das negociações e de muitas promessas, lideranças mundiais não conseguiram fortalecer o pacto pela vida humana e pelos demais seres vivos.

Nesste exato momento, já foram emitidas mais de 28 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera, 28 mil espécies estão ameaçadas de extinção, 13 milhões de hectares de florestas foram derrubadas em todo o mundo e, para completar este cenário, temos uma população mundial que não para de aumentar: já superamos os 7 bilhões de pessoas.

Não é novidade para ninguém que as mudanças em nosso planeta irão impactar a vida de todos, especialmente das populações mais empobrecidas e vulneráveis.

No Brasil, a pior seca dos últimos 50 anos já influencia, em especial aos grupos mais vulneráveis de crianças e adolescentes nordestinas, todo o tipo de efeito sobre a saúde física, na evasão escolar e dificuldades no aprendizado e maior exposição ao trabalho infantil e exploração sexual.

Diante deste cenário, qual é o papel das escolas e da educação na vida das gerações futuras?

A educação pode ser a grande ferramenta de intervenção no mundo, como dizia o educador Paulo Freire. Como ferramenta, a educação descortina as engrenagens políticas, ambientais, econômicas e culturais que têm levado o planeta a entrar em colapso. Além disso, a educação é o convite necessário para agir e transformar as maneiras de viver e de se relacionar com os demais seres e com o ambiente.

Isso revela que propostas pedagógicas que levam em conta o cuidado com todas as formas de vida existentes no planeta não são apenas informativas ou um diagnóstico dos graves problemas ambientais que estamos enfrentando.  Na realidade, as propostas pedagógicas para a vida e pela vida são orientadas por uma concepção de ambiente que não se restringe à condição física e natural de um espaço, mas envolve também fatores políticos, históricos e sociais. Nessa perspectiva, o ambiente é compreendido como algo construído pelas relações de cada pessoa com sua própria vida, com a do outro e com o mundo ao redor.

A escola pode ser um elo entre a criança e seu ambiente. E esse vínculo é construído, necessariamente, por meio da experiência nos espaços fora da sala de aula, ou seja, ao ar livre.

Engana-se quem vê aí um modismo da educação. Não há nenhuma novidade em levar estudantes para aprender ao ar livre, em comunhão com o ambiente externo e a comunidade. Na Grécia, Aristóteles (384 a.C – 322 a.C) foi o filósofo que caminhava ao ar livre com seus pupilos enquanto discutiam questões da Filosofia. Séculos depois, no Brasil, a ideia de educação pautada na experiência é traduzida nas palavras inspiradoras dos educadores do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932).

Ter a cidade, suas ruas, parques e praças, praias e açudes como laboratório vivo de aprendizagem requer muito mais que um jeito de ensinar e aprender. Atividades extra-muros da escola potencializam o aprendizado ao reunir o saber, o refletir, o sentir e o agir, pois colocam em jogo diversos saberes e sentimentos de estudantes e educadores, apresentando outras fontes e espaços de conhecimento e engajando, assim,  toda a comunidade escolar com a vida real, seus desafios e complexidades.

Um pacto pela vida no planeta e a sobrevivência digna de todas as espécies não está apenas nas mãos da lideranças políticas presentes em Marrakesh, onde se realizou a última Conferência sobre Mudanças Climáticas, da ONU, a COP22. Ela pode estar ao seu lado, em uma escola perto de você.

Foto: Unsplash/Pixabay

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