Hoje, no cenário em que vivemos no Brasil – com tantos avanços científicos, tecnológicos e de consciência pela preservação do meio ambiente, ao mesmo tempo que o Congresso ataca, sem vergonha, nem dó, direitos humanos e a biodiversidade -, é ainda mais interessante relembrar este encontro realizado pela ONU, no Rio de Janeiro, em 1992, que reuniu 117 chefes de estado e seus ministros do meio ambiente.
A Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ou Cúpula da Terra, que teve Maurice Strong como secretário geral, deixou muitas sementes importantes, ampliando o conhecimento, a informação/comunicação e enfatizando inúmeros aspectos econômicos, ambientais, sociais, políticos e científicos. Deu ênfase para o conceito de desenvolvimento sustentável, idealizado vinte anos antes durante a primeira conferência de meio ambiente, em Estocolmo, e lançado em 1987 com o Relatório Brundtland ou Nosso Futuro Comum.
A Eco 92 também criou alguns acordos globais imprescindíveis para chegarmos onde estamos hoje, como a Agenda 21 (que apontou caminhos para a prática do desenvolvimento sustentável nas cidades pelo mundo) e ainda definiu a criação de três convenções: sobre Clima, Biodiversidade e Desertificação.
Durante a conferência também aconteceu a negociação conturbada de um documento sem força jurídica, mas que teve desdobramentos importantes: a Declaração de Princípios sobre Florestas, que reúne uma série de recomendações para a prática da conservação e do desenvolvimento sustentável das florestas. Na época, os países desenvolvidos opuseram-se às demandas dos países em desenvolvimento (Grupo dos 77) para incrementar a ajuda estrangeira para a conservação de suas reservas florestais. É bom lembrar que o Protocolo de Montreal (tratado internacional em que os países signatários se comprometem a substituir as substâncias que afetam a camada de ozônio), de 1994, é resultado da Declaração de Princípios.
Mas fora da conferência também aconteceu um encontro importante, que deixou frutos: o Forum Global, realizado pelas organizações não-governamentais socioambientais, que resultou na Declaração do Rio, também conhecida como Carta da Terra.
Como se vê, muito do que conhecemos e do que foi possível realizar nestes 25 anos é fruto da Eco 92, que ainda teve o famoso discurso da garota canadense Severn Cullis-Suzuki, então com 12 anos. E é com ela que quero finalizar este post.
Severn disse, há 30 anos, o que todos os líderes ali presentes precisavam ouvir. Falou em nome de sua geração, das gerações futuras, das crianças que morriam de fome, dos animais que estavam perdendo seu habitat a cada dia… Chamou a atenção para o impacto do desenvolvimento a qualquer custo no planeta e na vida humana. Emocionou o mundo.
É certo que, de 1992 pra cá, tivemos grandes avanços, mas, infelizmente, sua fala continua atual. Em 2012, então com 32 anos, a bióloga ativista veio ao Brasil novamente para participar da Rio+20 (20 anos de Eco92) e, mais uma vez, alertou o mundo para a crise ecológica.
Lutar pela preservação do meio ambiente, pelos povos indígenas que são os verdadeiros guardiões da terra e pela redução do consumo, é imprescindível. E a fala de Severn é uma boa inspiração para a ação e para celebrarmos 0 Dia do Meio Ambiente.
O vídeo disponível na internet não é original; ele sofreu a interferência de imagens que enfatizam o que ela diz, mas ainda assim vale muito assistir.
Foto: Divulgação