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Duas boas referências sobre a realidade das mulheres pelo mundo

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O livro Metade do Céu, escrito por Sheryl WuDunn e Nicholas D. Kristof, relata diversos casos de injustiças absurdas e como a desigualdade vai muito mais fundo que apenas a pobreza. Uma menina pobre, infelizmente, sofre muitíssimo mais que um menino.

metade-do-ceu-boas-referencias-realidade-mulheres-pelo-mundo-xOs autores comentam sobre vários o tráfico sexual de meninas e mulheres. Só essas palavras juntas já mostram a barbaridade do tema e como a mente humana pode chegar a um nível doentio. Vale muito ler esse livro pra enxergarmos a verdade que preferimos fingir não saber.

Isso acontece, principalmente, com meninas de países desprivilegiados como Filipinas e Camboja (entre outros) que mudam para países mais turísticos como Tailândia e Malásia por causa do tráfico de pessoas, com ênfase no turismo sexual. A mecânica do negócio se faz por oportunidades de trabalho, mais uma triste consequência da desigualdade. Meninas sem perspectiva clara de futuro, por falta de acesso a serviços básicos, aceitam propostas de trabalho não relacionadas à prostituição – como garçonete, costureiras e operárias – em outros países para sobreviver e ajudar a família. Quando chegam ao novo destino são mantidas em locais monitorados, sem liberdade alguma, e obrigadas a fazer sexo por um dinheiro que, muitas vezes, nem chega às suas mãos. Além de serem violentadas fisicamente, o são psicologicamente.

O que mais me indigna nesse absurdo é que, para que esse tipo de negócio exista, depende diretamente de vários atores. Pessoas sem caráter, como o cafetão que lucra com elas, o policial corrupto, o taxista influenciador e o segurança conivente, só pra citar alguns.

Bom, não teria como falar sobre um dos aprendizados que tive com o livro sem dar esta breve opinião.

Sempre que eu pensava no tema, não compreendia como essas mulheres eram facilmente enganadas. Além da falta de acesso à educação escolar e social, a desigualdade nesses países é uma das mais graves e impulsiona o negócio. China e Bangladesh também são países onde esse tipo de crime é constante, mas não necessariamente relacionado ao tráfico sexual.

Há diversos produtos feitos nesses países a um custo baixíssimo porque há sacrifícios humanos envolvidos, condições de trabalho escravo. Nossa estrutura econômica é tão injusta que permite que um artigo produzido a 10 mil km de distância consiga chegar ao Brasil a preços mais baratos do que o de produtos produzidos aqui.

A matemática acaba sendo simples porque, quanto mais gente vive às margens da miséria, mais fácil é encontrar seres humanos dispostos a trabalhar por cinco dólares por dia. Mas, espera!!! Faz algum sentido pensar que somos justos e permitimos que cada um pague o que quiser pra quem quiser? Faria se o conceito de livre arbítrio e de ser correto estivessem claros para todos, mas toda a poluição mental que recebemos nos cega.

Mas, como cega? Cega ao pensar que o mais importante é ter sucesso, garantir que meu salário seja grande e estruturar a minha empresa para reduzir o custo ao máximo, independente de como. Ao mesmo tempo, tudo bem se eu fingir que esqueci que quem fez a minha roupa ou a minha comida é uma pessoa que tem um salário ridiculamente baixo e que é aceitável eu ignorá-la.

Mas porque esse salário de cinco dólares é atrativo? É simples: para uma mãe de família que não pôde ir à escola, é mal tratada pelo marido e não tem autoestima, ter um trabalho, um salário no fim do mês e poder comprar arroz para o almoço dos filhos e é uma mudança de vida gigantesca.

O documentário The True Cost (Verdadeiro Custo), disponível no NetFlix, explica muito bem o impacto desesperador da indústria da moda na vida de milhões de pessoas e do planeta. Eles afirmam que 1 em 6 pessoas estão envolvidas com a indústria têxtil no mundo e que, no chão de fábrica, a imensa maioria é composta por mulheres. Relata, inclusive, o desastre que aconteceu em um complexo de fábricas têxteis, chamado Rona Plaza, em Bangladesh, em 2013. A estrutura colapsou, literalmente, e o desabamento do prédio matou mais de 1.100 pessoas. Sim, mais de mil e cem pessoas em um único acidente.

Triste, mas é fundamental assistir o documentário pra conhecer a realidade que está ao nosso redor e sob nossa responsabilidade em cada ato de compra. Essa rede só funciona e dá dinheiro porque alguém paga. É difícil, mas precisamos de consciência pra fazer algo e transformar essa cruel realidade. Abaixo, assista ao trailler.

E, como já comentamos em outro post, aqui no Brasil é possível denunciar esse tipo de abuso por meio de um aplicativo no celular: o Moda Livre. Criado pela ONG Repórter Brasil, acompanha e denuncia marcas que praticam trabalho escravo.

Foto: Think Twice Brasil / Bagan, em Mianmar

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