Dez multinacionais, entre elas Coca-Cola, Pepsi e Nestlé, estão sendo processadas na Califórnia pelo descarte de embalagens plásticas

Coca, Pepsi e Nestlé, estão sendo processadas pelo descarte de pástico

No final do ano passado, conforme mostramos nesta outra reportagem, a organização não-governamental Break Free From Plastic divulgou o resultado do levantamento feito durante o World Clean Up Day – Dia Mundial da Limpeza – , quando, em parceria com outras entidades e o trabalho de 70 mil voluntários, em 51 países, foram recolhidos 476 mil resíduos plásticos. 43% deles ainda continham de maneira clara, a marca de seus fabricantes. Dessa maneira, foi possível determinar quem são as maiores poluidoras globais de plástico.

O relatório da Break Free From Plastic revelou que dez empresas estão no topo de ranking de descarte de lixo plástico no meio ambiente. Coca-Cola apareceu em 1o lugar, seguida por Nestlé, PepsiCo, Mondelez International, Unilever, Mars, P&G, Colgate-Palmolive, Phillip Morris e Perfetti Van Mille.

Um total de 11.732 resíduos plásticos contendo a marca Coca-Cola foram achados em 37 países, em quatro continentes: mais do que os resíduos das outras três companhias juntas, que estão nos 2o, 3o e 4o lugares do ranking. O tipo de plástico mais observado foi o poliestireno e o PET. Ambos são provenientes do petróleo e tem enorme impacto ambiental, já que levam, no mínimo, 400 anos para se decompor na natureza.

Com esses dados em mão, o Earth Island Institute, da Califórnia, nos Estados Unidos, entrou com uma ação na justiça do estado contra essas dez multinacionais por sua responsabilidade em contribuir para o aumento da poluição nos oceanos do planeta.

“Fundamentalmente, o processo procura responsabilizar as empresas por sua parcela de poluição plástica e por suas alegações de que as embalagens de plástico são recicláveis”, diz Sumona Majumdar, consultora geral da Earth Island. “Por muito tempo, eles empurraram esses custos para o público, e isso inclui organizações sem fins lucrativos, como a Earth Island, que estão usando fundos de caridade para limpar sua bagunça”.

Ainda de acordo com a ONG americana, a indústria do plástico inundou o mercado com praticamente todos os tipos possíveis de produtos plásticos de uso único, incluindo sacolas, embalagens, talheres e muito mais. “Grande parte desses resíduos não biodegradáveis acaba em nossos oceanos, rios e áreas costeiras, enquanto ainda mais ocupará espaço em nossos aterros sanitários pelas gerações vindouras”, afirma.

A realidade é que quando o consumidor compra um produto, ele acredita que sua embalagem poderá ser reciclada. Mas na verdade, estudos demonstram que a grande maioria das embalagens plástica rotuladas como recicláveis nunca será reciclada, nem nos Estados e nem em outros países.

Estimativas indicam que das 8,3 bilhões de toneladas de plástico produzidas desde 1950, quando houve um boom desse setor, apenas 9% foi reciclado. E o que é feito com os demais 91% restantes? Ou são incinerados, processo que gera poluição no ar e emissão de gases de efeito estufa, ou são descartados em aterros sanitários ou lixões.

“Este é o primeiro processo contra esses traficantes de plástico que há anos espalham a narrativa falsa de que seus produtos podem ser reciclados quando sabem que em muitos casos isso simplesmente não é verdade”, acusa Josh Floum, presidente do Conselho de Administração da Earth Island.

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Foto: divulgação Break Free From Plastic

Um comentário em “Dez multinacionais, entre elas Coca-Cola, Pepsi e Nestlé, estão sendo processadas na Califórnia pelo descarte de embalagens plásticas

  • 25 de setembro de 2020 em 8:09 PM
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    Estou desenvolvendo garrafas de papel , mas será que esta embalagem vai pegar no BRASIL

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.