Depois de resgatados em praias catarinenses, dezenas de pinguins são soltos no mar para seguir viagem até a Patagônia
Todo ano acontece a mesma coisa. Em sua jornada migratória, que tem como ponto de partida a Patagônia, na Argentina, muitos jovens pinguins acabam se perdendo de seus grupos e aparecem em praias do litoral brasileiro. Mas graças ao trabalho de organizações de proteção animal, muitos são resgatados, passam por um processo de reabilitação e são devolvidos ao mar.
“Como são inexperientes, é comum que alguns animais tenham dificuldade em se alimentar, se percam dos bandos e fiquem debilitados, encalhando nas praias. Também existem aqueles que interagem com petrechos de pesca. Mesmo não sendo fauna alvo de pesca eles podem ser capturados incidentalmente. É a chamada captura bycatch, ou seja, não intencional”, explica a médica veterinária Cristiane Kolesnikovas.
Esta manhã, 20 pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) foram soltos na praia do Moçambique, em Florianópolis, Santa Catarina. A soltura foi feita pela R3 Animal*.
O grupo de pinguins a caminho do mar
Os pinguins estavam no Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos da capital catarinense. O grupo é o primeiro a ser liberado em 2020.
O início da temporada anual de migração dos pinguins começa em meados de outono e vai até setembro. Há registros de indivíduos que chegaram até praias do Espírito Santo.
Se tudo der certo, os pinguins voltarão agora para a Patagônia
Antes de voltarem ao mar, os pinguins-de-Magalhães passaram por diversos exames e realizaram o teste de impermeabilização das penas. São elas que impedem que o corpo molhe, mantendo a temperatura corporal. Caso não estejam impermeabilizadas, o pinguim pode ter hipotermia e ficar doente (confira no vídeo mais abaixo como é feito o teste de impermeabilização).
As aves receberam ainda um microchip com um número de identificação, que é compartilhado com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) e depois as informações são repassadas a instituições internacionais. Caso algum pinguim se perca ao longo do caminho novamente, com o microchip é possível descobrir sua origem e onde ele passou por reabilitação.
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Uma recomendação importante: caso encontre um mamífero, ave ou tartaruga marinha debilitada ou morta na praia, ligue 0800 642 3341. Sua ajuda é fundamental para salvar vidas!
*O trabalho de reabilitação de animais marinhos que a R3 Animal realiza em Florianópolis faz parte do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), uma condicionante do licenciamento ambiental para a exploração do pré-Sal conduzido pelo Ibama. O PMP-BS vai de Laguna SC até Saquarema RJ e é executado por 15 instituições diferentes.
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Fotos: divulgação R3 Animal/Nilson Coelho
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.