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“Dentro de mais uma floresta assassinada, sinto a dor de cada árvore tombada”, diz o fotógrafo Araquém Alcântara caminhando sobre as cinzas na Amazônia

Há mais de 50 anos, o fotógrafo Araquém Alcântara registra as belezas da Amazônia e da cultura de seus povos. Tornou-se reconhecido no mundo também devido a esse trabalho precioso, resultado de mais de 50 viagens e expedições à região. E, como um guardião, também tem denunciado ameaças e ataques à floresta, ativismo que se intensificou com Bolsonaro na presidência do país.

“A floresta amazônica sempre queimou, principalmente nos meses secos de agosto e setembro, só que, desta vez, ela está queimando muito mais”, declarou em 2019. “Estou cheio de revolta. É preciso elevar o tom”.

Nesse ano, o fotógrafo registrava imagens para mais um livro – lançado este ano: A Errância de um Instante – no qual queria “contar sobre as belezas da maior floresta tropical do mundo, dos 21 milhões de amazônidas que nela vivem”, mas também “denunciar anos e anos de holocausto”.

Foi assim que registrou uma das cenas mais impactantes das queimadas à beira da BR Cuiabá-Santarém: um tamanduá cego pelo fogo. Ao sentir a presença do fotógrafo, o animal levantou-se para se defender (foto acima). “A floresta luta pela sobrevivência”, clamou Araquém. na ocasião.

“Fica aqui registrado o meu grito de revolta e de alterta”

Este ano, invasores – grileiros, garimpeiros e madeireiros – se revelam ainda mais ávidos por destruição: parece que têm pressa. E Araquém está ainda atento e indignado.

Ontem, 18 de setembro, ele presenciou e registrou mais um momento triste da devastação feroz que consome o bioma, emocionando os fãs nas redes sociais. Publicou um vídeo no qual aparece como num cenário de guerra, caminhando sobre as cinzas, no meio de árvores carbonizadas. Como pano de fundo, fogo e fumaça (assista no final deste post).

A cena foi registrada no km 37 da Transuará, em Santarém, no Pará.

“Aqui, de dentro de mais uma floresta assassinada, eu sinto a dor de cada árvore tombada”, declarou, inconsolável. “Dedico mais uma vez todo este meu trabalho a mostrar não só a beleza, mas os horrores cometidos contra essa natureza. é inacreditável, é impossível aceitar a destruição de séculos de maravilhosa construção em poucos instantes”. E acrescentou:

“Fica aqui registrado meu grito de revolta e de alerta. A minha cólera, a minha indignação e que é possível reverter este quadro para as futuras gerações. Nós precisamos replantar a terra. É isso! É isso! Precisamos salvar toda esta grande floresta, uma floresta da terra”.

Num comentário, nesse mesmo post no Instagram, ele pede: “Repostem, por favor!”.

Cenário desolador no km 37 da Transuará, em Santarém, no Pará / Foto: Araquém Alcântar

Fazemos o mesmo apelo, aqui, para que o país inteiro e o mundo vejam este cenário desolador e sintam a dor da floresta, dos animais e dos povos que nela vivem. Mas também acreditem que, apesar de tudo, ainda é possível recuperar a a natureza exuberante da Amazônia.

É o que também defende o cientista e climatologista Carlos Nobre que, em novembro próximo, apresentará, durante a conferência climática da ONU, no Egito, o projeto Arco da Restauração. Em contraponto ao Arco do Desmatamento, a iniciativa propõe replantar a floresta amazônica em uma área de mais de 1 milhão de km² (saiba mais na entrevista exclusiva que publicamos este mês).

Reflorestar mentes

Para finalizar, lembro que, para recuperar a floresta, é urgente conscientizar o povo brasileiro sobre a importância da Amazônia em nossas vidas.

É disso que falam as mulheres indígenas – guerreiras da ancestralidade -, entre elas a líder indígena Célia Xakriabá, que sempre nos lembra que é preciso “reflorestar mentes”, numa alusão poética à palavra reflorestamento.

Agora, assista ao vídeo publicado por Araquém Alcântara e compartilhe em suas redes:

Foto: reprodução do vídeo

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