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Delegado de Brotas pede prisão preventiva do fazendeiro das búfalas e outro cemitério clandestino é descoberto na propriedade

Desde o início de novembro, quando mais de mil búfalas foram encontradas abandonadas e desnutridas, algumas agonizando, outras já mortas, em Brotas, essa história tem sido apontada como um dos crimes de maus-tratos a animais mais hediondos do país, talvez do mundo! Um holocausto animal, como alguns protetores definem.

E, desde então, diariamente, voluntários se dedicam ao tratamento e recuperação das búfalas, seus filhotes e cavalos (que foram encontrados recentemente) e também à análise e à produção de provas para as investigações que têm engrossado e dado muita consistência ao processo contra Luiz Augusto Pinheiro de Souza, proprietário da Fazenda São Luiz da Água Sumida, para que pague por seus crimes. Acordo com ele, nem pensar!

Em entrevista para o programa Fantástico o fazendeiro disse que as búfalas morreram porque eram velhas: “Se morrer, morreu!”

A ONG ARA – Amor e Respeito Animal, de Alex Parente (que foi quem descobriu as búfalas), reivindica a guarda definitiva dos animais e a garantia de condições financeiras que possam viabilizar a manutenção dos animais – por meio da penhora de parte dos bens do fazendeiro – e a criação de um santuário em área da própria fazenda (acompanhe o perfil das Búfalas de Brotas, no Instagram).

O objetivo é não dar continuidade à exploração e que o caso sirva de exemplo para um possível movimento contra maus-tratos na pecuária e a favor do veganismo que, de certa forma, já começou.

(assine a PETIÇÃO ONLINE, que será entregue ao Juiz de Direito de Brotas para que julgue os crimes do fazendeiro, as indenizações e torne possível o sonho do santuário; contamos aqui).

E tudo tem caminhado de forma bastante satisfatória, devido ao trabalho dedicado de Alex e de todos os voluntários. E também graças às doações. A recuperação completa dos animais ainda demora – talvez dois anos -, mas a maioria já está visivelmente melhor; mas algumas mortes foram inevitáveis como a da Carequinha que se foi em 4/11 e tornou-se símbolo deste crime.

No que tange às investigações, tudo tem fluido bem, mas é preciso acompanhar e fazer pressão, participar da petição…. Na semana passada, um laudo preliminar, de autoria de peritos ambientais da USP (Universidade de SP) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista), foi divulgado. Eles concluem que o proprietário da fazenda Água Sumida agiu de forma negligente, sem nenhuma preocupação não só com seu rebanho, mas também com os rebanhos das fazendas vizinhas, com a fauna nativa, a saúde pública e a poluição ambiental.

Assinado pela bióloga e perita ambiental Eryka Zolcsák de Sousa, o laudo foi entregue em 8/11 ao delegado de Brotas, Douglas Brandão, que, no dia seguinte, pediu a prisão preventiva do fazendeiro e a encaminhou ao Ministério Público Estadual. A prisão de Luiz Augusto depende do juiz de direito e da promotoria pública. Se o MPE acatar a solicitação de Brandão, encaminhará o pedido de prisão à Justiça.

Os advogados do fazendeiro entraram com uma petição contra o pedido, claro. Assim como recorreram das multas como conto, neste post, mais adiante.

Vale destacar que, em até 30 dias, a equipe de patologistas da USP e da Unesp deve entregar o laudo completo das necropsias realizadas no local e nos corpos dos animais enviados à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), como o da Carequinha.

Mais um cemitério irregular de animais

Delegado de Brotas pede prisão preventiva do fazendeiro das búfalas e outro cemitério clandestino é descoberto em sua propriedade
Crânios de búfalo adulto e filhote contrariam a alegação do fazendeiro de que os animais morreram porque eram velhos / Foto: reprodução de vídeo

Para piorar a situação do fazendeiro, mais um agravante foi identificado. Em live, no sábado, pelo Instagram, Alex Parente, da ONG ARA, contou que, enquanto faziam o cercamento da área em que estão as búfalas e piquetes para os cavalos, os ativistas encontraram ossos sob o capim, na terra.

Logo lembraram das duas valas irregulares, cheias de carcaças, encontradas assim que eles foram autorizados a entrar na fazenda e a tratar das búfalas.

Delegado de Brotas pede prisão preventiva do fazendeiro das búfalas e outro cemitério clandestino é descoberto em sua propriedade
Carcaças em vala irregular na fazenda Água Sumida / Foto: Polícia Ambiental

Imediatamente, Alex chamou os peritos da USP e da UNESP para fazer a análise do material encontrado e verificar se ali existia um outro cemitério clandestino de animais.

Eles trabalharam sem parar neste fim de semana, na companhia da polícia ambiental – e com a ajuda da prefeitura, que cedeu uma retroescavadeira para o serviço -, e encontraram mais duas valas clandestinas, nas quais estavam 98 carcaças de búfalos, 4 de cavalos e uma de cachorro, todas enterradas de forma irregular, sem cuidado com o impacto na natureza, como as outras.

Parte das carcaças encontradas em valas irregulares na fazenda Água Sumida, neste fim de semana / Foto: Pecado Vegano

Agora, o trabalho dos peritos vai identificar:
quantos animais vítimas de maus-tratos foram enterrados nos últimos meses;
a idade dos búfalos encontrados: havia crânios de adultos e de jovens, o que contraria a alegação do fazendeiro de que os animais não morreram de fome e nem de sede, mas de velhice; e
se algum animal foi enterrado vivo. Entre as búfalas encontradas nas valas anteriores, algumas tinham indícios no aparelho respiratório de terem sido enterradas dessa maneira.

A bióloga e perita ambiental Eryka Sousa disse ao G1 que, em 30 dias, um novo laudo será divulgado e entregue à Polícia Civil.

As doações não podem parar!

Este é o Bowie, filhote órfão que está se recuperando da desnutrição / Foto: reprodução de vídeo do Instagram

O dono da fazenda São Luiz da Água Sumida já foi multado em mais de 4 milhões de reais, e recorreu em todos os casos. Mas esse dinheiro não será direcionado para as búfalas porque se trata de multas pagas aos órgãos públicos, de fiscalização.

Mas, quando a Justiça deu a tutela das búfalas para a ONG ARA, determinou que Luiz Augusto deveria assumir os custos do tratamento e da recuperação dos animais, com pena de multa diária de 3 mil reais. Ele prefere ser multado do que cumprir sua obrigação, mas as multas continuam se acumulando.

O que tem sustentado o trabalho dos voluntários e as búfalas são as doações em dinheiro e também de alimentos, mantimentos e materiais. Inclusive as doações de alimentos para os próprios voluntários.

Por tudo isso, em pouco tempo, os ativistas conseguiram construir um hospital de campanha e um acampamento decentes e oferecer melhores condições para os animais e todos que ali trabalharam e trabalham. A prefeitura tem enviado caminhões de água potável também.

Pra você ter ideia dos custos, só de silagem são 4 mil reais por dia! Sem falar do restante da alimentação das “meninas” e seus filhotes, que ainda inclui feno. Devido à desnutrição, as búfalas adquiriram diversos problemas nos rins e fígado que precisam ser tratados com medicação, além de receber uma alimentação balanceada.

Elas não estão doentes, mas tratando de sequelas do abandono. Ficaram sem água e sem comida e, para não morrerem, comeram cascas das árvores que encontraram pelo caminho.

Importante lembrar, também, que, a partir de janeiro, algumas búfalas vão ter bebês. Em breve, a população na fazenda vai aumentar e sabe-se lá em que condições chegarão esses filhotes já que suas mães quase morreram de fome e ainda se recuperam. Como os nutriram em suas barrigas, quando estavam cadavéricas? Como as estão nutrindo agora, no final da gestação? Que qualidade de leite poderão oferecer-lhes?

Segundo a Dra Antília Reis, coordenadora da equipe de advogados que trabalha no caso das Búfalas de Brotas, devido às ameaças feitas por capangas da fazenda, que trabalham para o fazendeiro, foi necessário contratar seguranças particulares para proteger os peritos da USP e da UNESP, quando foram à fazenda para fazer as análises dos corpos das búfalas que morreram e analisar as carcaças dos animais (todos os dias, membros da Polícia Militar fazem a guarda dos animais e dos voluntários na fazenda).

E mais uma questão importante: a ONG ARA, que recebe todas as doações, conta com suporte jurídico e de contabilidade para receber e gerir as doações, e faz a prestação de contas em juízo. É tudo super claro e transparente, como explica, em live gravada no último sábado, a Dra. Evelyne Paludo.

Para doar para a ONG ARA:
– PIX CNPJ 14.732.153/0001-38
– PAYPAL ajudeara@gmail.com

Leia também:
Em protesto pacífico pelas búfalas de Brotas, ativistas reivindicam a criação de um santuário e falam do veganismo

Foto (destaque): reprodução de vídeo do Instagram Búfalas de Brotas

Com informações do G1, de lives e do Instagram Búfalas de Brotas

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