Coca-Cola, PepsiCo e Nestlé são maiores poluidoras de lixo plástico do planeta, denunciam ONGs internacionais


Coca-Cola, PepsiCo e Nestlé são maiores poluidoras de lixo plástico do planeta, denunciam ONGs internacionais

É lixo que não acaba mais. Ou melhor, infelizmente, acaba sim, mas nos oceanos, poluindo as águas do planeta e tirando a vida de milhares de animais, que ao ingerir embalagens descartadas em qualquer lugar, morrem sufocados e contaminados com resíduos plásticos.

E de quem é a culpa de que um caminhão cheio de lixo seja jogado a cada minuto em nossos mares? Segundo a organização internacional Break Free From Plastic, três multinacionais são as principais responsáveis por este problema: Coca-Cola, PepsiCo e Nestlé.

Em um levantamento realizado em parceria com o Greenpeace International e divulgado ontem (09/10), a ONG afirma que em 239 limpezas de praias e auditorias de marcas realizadas em 42 países, embalagens plásticas das três empresas são as mais frequentemente encontradas. Foram analisados mais de 187 mil resíduos plásticos achados na areia.

Embalagens encontradas em praias

O tipo de plástico mais observado foi o poliestireno e o PET. Ambos são provenientes do petróleo e tem enorme impacto no meio ambiente, já que levam, no mínimo, 400 anos para se decompor na natureza.

“Este levantamento oferece uma prova irrefutável do papel que as corporações desempenham na perpetuação da crise global da poluição plástica”, afirma Von Hernandez, coordenador global do Break Free From Plastic. “Ao continuar produzindo embalagens plásticas descartáveis e não recicláveis para seus produtos, estas empresas são culpadas de destruir o planeta em grande escala. Está na hora de assumirem e deixarem de transferir a culpa para os cidadãos por seus produtos poluentes e seu desperdício”.

Além das três multinacionais, o relatório revela uma lista de outras sete empresas que contribuem para o descarte de lixo plástico nos oceanos:

  1. Coca-Cola
  2. PepsiCo
  3. Nestlé
  4. Danone
  5. Mondelez International
  6. Procter & Gamble
  7. Unilever
  8. Perfetti van Melle
  9. Mars Incorporated
  10. Colgate-Palmolive

Mas em 40 dos 42 países onde aconteceu a coleta de lixo em praias, os produtos da Coca-Cola foram os campeões do ranking. No ano passado, mostramos aqui, neste outro post, que de acordo com o Greenpeace, a fabricante de refrigerantes produziu, em 2016, 3.400 garrafas de plástico por segundo, algo em torno de 1,1 bilhão de PETs por ano. Todavia, apenas uma pequena fração delas foi reciclada. Acredita-se que menos de 50% delas teve destinação correta, como centros de reciclagem, e somente 7% foi transformada em novas garrafas.

#Is this yours? 

Para pressionar estas companhias a mudar, o Greenpeace lançou uma campanha nas redes sociais em que convida as pessoas, sempre que acharem uma embalagem jogada em um lugar inapropriado, a usar a hashtag #Is this yours? (#Isso é seu?) e em seguida, o nome do fabricante com outra hashtag.

O que a Break Free From Plastic pleiteia é que todas as empresas reduzam o volume de plástico de um uso só, desenvolvam novos layouts para embalagens, a fim de minimizar o desperdício, e assumam a responsabilidade pelo descarte e a gestão de resíduos.

“Nós pagamos o preço pelas multinacionais optarem por usar o plástico mais barato e descartável. Somos nós os forçados a limpar a poluição plástica em ruas e rios, lagos e oceanos. Nas Filipinas, podemos limpar praias inteiras e no dia seguinte, elas estão tão sujas novamente”, diz Abigail Aguilar, do Greenpeace.

#Isso é seu?

Procuradas pelo Conexão Planeta, as três multinacionais citadas pela ONG internacional enviaram as seguintes declarações:

Coca-Cola Company

Compartilhamos o objetivo do Greenpeace de eliminar resíduos do oceano e valorizamos seus esforços para conscientização do público a respeito deste importante desafio. O Greenpeace escolheu concentrar-se apenas em uma única abordagem quando se trata de resíduos plásticos. Acreditamos que todos os materiais usados em embalagens têm benefícios e, se administrados de forma adequada, podem transformar-se em recursos valiosos para reutilização. Para fazer isso, precisamos de uma melhor coleta, de um uso maior de conteúdo reciclado e de uma capacidade completa de reciclagem.

Estamos preparados para fazer a nossa parte. Definimos metas ambiciosas para o nosso negócio, começando por ajudar a coletar e reciclar uma garrafa ou lata para todas as pessoas a quem vendemos – independentemente de onde venha – até 2030. Isso faz parte da nossa visão de um Mundo Sem Desperdício, que também nos convoca a usar uma média de 50% de conteúdo reciclado em nossas garrafas e latas até 2030. Embora a maioria de nossas embalagens seja reciclável hoje em dia (85%), estamos trabalhando para chegar a 100% e definimos esta meta para 2025.

Não podemos fazer isso sozinhos e vai levar algum tempo para conseguirmos. Mas reconhecemos a necessidade de ação e a importância de criar um Mundo Sem Desperdício.

Coca-Cola Brasil

No Brasil, temos evoluído nesse tema de forma consistente. Garantimos a destinação correta ao equivalente a 51% das embalagens produzidas. A previsão é chegar a 66% até 2020 e 100% em 2030, alinhados com o compromisso global “Mundo Sem Resíduos”. Para isso, estamos investindo em aumento de participação de embalagens retornáveis, uso de resina reciclada para a confecção de novas garrafas e apoio a cooperativas de reciclagem…

Em outubro de 2017, anunciamos a união de esforços e aprendizados com a Ambev no lançamento do programa Reciclar pelo Brasil. Trata-se de uma agenda prioritária, acima de qualquer lógica concorrencial. A plataforma de apoio a cooperativas é  coordenada pela Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ANCAT) e impacta, inicialmente, 110 cooperativas e 5 mil famílias. E estamos trabalhando para trazer novas indústrias parceiras e ampliar essa aliança ainda em 2018”.

PepsiCo

“A PepsiCo compartilha a preocupação de que plásticos e outros resíduos estão se acumulando no ambiente marinho e em terra, e é por isso que estamos comprometidos em alcançar 100% de embalagens recicláveis, compostáveis ou biodegradáveis até 2025. Proteger nosso planeta é extremamente importante para nós e a questão dos plásticos e resíduos requerem atenção urgente. A PepsiCo tem várias iniciativas para aumentar as taxas de reciclagem e reduzir a quantidade de embalagens que usamos. Trabalhamos com especialistas e investimos para trazer os mais recentes avanços de embalagens sustentáveis para o mercado. Ainda não temos todas as respostas e continuaremos a colaborar com vários líderes nessa área para aprender e compartilhar as mais recentes soluções científicas e práticas”. 

Nestlé

“Continuamos fortemente comprometidos em minimizar o impacto que nossa empresa tem sobre o meio ambiente, inclusive garantindo o descarte correto ou a reutilização de nossas embalagens. Nossa visão é que nenhuma das nossas embalagens de produtos, incluindo plásticos, deveria ser destinada a aterro ou descartada como lixo, incluindo nos mares, oceanos e cursos de água. Para conseguir isso, estabelecemos a ambição de garantir que 100% de nossas embalagens sejam reutilizáveis ou recicláveis até 2025 … Nossa empresa também continuará a desempenhar um papel ativo no desenvolvimento de um sistema adequado e eficiente de coleta, esquemas de triagem e reciclagem nos países em que operamos.

Também estamos comprometidos em ajudar a melhorar as informações ao consumidor por meio da rotulagem de nossas embalagens de produtos, incluindo informações de reciclagem para ajudar que elas sejam descartadas da maneira correta.

As embalagens plásticas desempenham um papel importante na oferta segura e conveniente de alimentos e bebidas para os consumidores, por isso precisamos considerar cuidadosamente alternativas antes de fazer alterações. Acreditamos que, com a abordagem correta, a coleta e a reciclagem são possíveis sem causar efeitos prejudiciais ao meio ambiente”. 

Fotos: divulgação Greenpeace/Break Free From Plastic 

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.