Coalas podem ser extintos até 2050 e para que isso não ocorra cientistas sugerem congelamento de espermas em biobancos

Coalas podem ser extintos até 2050 e para que isso não ocorra cientistas sugerem congelamento de espermas em biobancos

Em fevereiro, o governo da Austrália anunciou que os coalas foram declarados oficialmente ameaçados de extinção. Em menos de 30 anos, até 2050, biólogos temem que esses marsupiais estejam extintos na região da Nova Gales do Sul. Estima-se que 60 mil deles tenham morrido ou ficado feridos durante os incêndios florestais devastadores que ocorreram no país entre o final de 2019 e o início de 2020.

Agora, entre as estratégias defendidas por pesquisadores para salvar a espécie da extinção está o armazenamento de espermatozoides. A ideia é de cientistas da Universidade de Newcastle, que propõem a criação de um biobanco com esse material, a ser usado em processos de reprodução assistida. Eles acreditam que programas de procriação em cativeiro ajudariam a garantir a diversidade genética e também, reduzir outros recursos investidos em projetos de conservação.

“Atualmente não temos ferramentas que possam armazenar material reprodutivo de coalas vivos, como esperma. Portanto, não temos um ‘plano B’ contra desastres naturais, como os incêndios florestais de 2019-2020, que ameaçam exterminar um grande número de animais de uma só vez. Se a população de coalas morrer nesse tipo de incêndio, não há como trazê-los de volta ou preservar sua genética”, diz o pesquisador Ryan Witt.

Segundo ele, a criação de um biobanco ofereceria uma solução para armazenar a genética do coala vivo, congelando células sexuais como o esperma. “O esperma congelado poderia então ser usado para fecundar coalas fêmeas em programas de criação para soltura, usando tecnologia de reprodução assistida”.

O cientista explica que, em geral, programas de reprodução em cativeiro necessitam de um grande número de indivíduos e com isso, os custos de manutenção e operação são altos. Mas com o uso do material do biobanco, eles ficariam bem mais baixos.

“Isso economizaria valiosos fundos de conservação para apoiar um número maior de espécies ou para financiar outros projetos de proteção aos coalas, como a restauração de habitats”, destaca Witt.

Já foram identificados 16 hospitais veterinários e zoológicos na Austrália que estariam aptos a participar de um programa usando essa técnica.

“Ao usar esperma congelado, podemos reintroduzir a variação genética nas populações de coalas selvagens sem ter que realocá-los. Em Nova Gales do Sul, por exemplo, as populações estão diminuindo rapidamente em alguns locais, de modo que se beneficiariam muito com a introdução de material de biobanco de outras populações únicas para ajudar a gerenciar a diversidade genética”, afirma o pesquisador Lachlan Howell.

A equipe da Universidade de Newcastle cita o sucesso obtido com o programa de reprodução assistida feito como o furão de pata negra nos Estados Unidos. No começo da década de 80, restavam apenas 18 indivíduos da espécie. Nos últimos anos nasceram milhares em cativeiro, que foram soltos na natureza.

“Esperma congelado foi usado para inseminar artificialmente alguns dos furões criados em cativeiro que estavam se tornando mais consanguíneos ao longo do tempo. Isso foi crucial para reintroduzir a variação genética na população cativa, que ao longo do tempo sofreu complicações reprodutivas por endogamia”, diz Howell.

*Com informações e entrevistas fornecidas pelo Departamento de Comunicação da Universidade de Newcastle

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Foto: rawpixel/domínio público

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.