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Clube de futebol Bahia celebra mês da Consciência Negra homenageando 20 brasileiros notáveis durante partida

Ontem, 4/11, em partida contra o Chapecoense, que integra o “Brasileirão”, os jogadores do Bahia exibiram camisetas um pouco diferentes das tradicionais. Nas costas, no lugar dos nomes dos atletas, estavam os de 20 negros que representam a eterna luta por direitos no Brasil.

Assim, para dar início às celebrações pela Consciência Negra, foram “escalados” dois jogadores importantes na história do time – Carlito e Biriba – como também personagens da História do país como Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares (que aparece na imagem abaixo, publicada pelo Bahia em seu Facebook), Milton Santos, prêmio Nobel de Geografia, Dandara, guerreira do período colonial e esposa de Zumbi, mestre Moa do Katendê (no destaque deste post, em foto de Leandro Couri, ele foi morto a facadas, em Salvador, no dia do primeiro turno das eleições por motivos políticos), Mãe Menininha do Gantois (a mãe de santo mais famosa da Bahia) e o sambista Batatinha, entre outros nomes notáveis. A lista completa está no final deste post.

Este mês – também chamado de Novembro Negro -, a principal data dessa celebração é o dia 20, que foi decretado como o Dia da Consciência Negra em todo o país por ser o aniversário de morte de Zumbi dos Palmares (1695).

Clube engajado

Esta não é a primeira vez que o Clube Bahia (que venceu a partida contra o Chapecoense por 1×0, na Arena Fonte Nova, em Salvador) promove ações como esta.

Em janeiro, falou da importância de se combater a intolerância religiosa. Em abril – quando celebramos o Dia do Índio – homenageou os povos indígenas, levando 11 jovens indígenas ao campo, na entrada do time.

Em maio, por conta do Dia das Mães, chamou a atenção da torcida para as mães de filhos desaparecidos. Em maio também, tratou de homofobia, destacando o Dia Internacional de Combate à Homofobia, Bifobia e Transfobia (17/5) e declarando-se “uma nação como outra qualquer: plural e diversa”.

Em agosto, celebrou o aniversário da Lei Maria da Penha e divulgou pesquisa sobre a presença feminina nos estádios e o tratamento dispensado pelos homens durante os jogos. Em setembro, destacou a luta das pessoas com deficiência.

Os homenageados pelo Bahia

Em seu site, o Bahia listou os personagens notáveis da História do Brasil escolhidos para esta celebração por sua luta contra o preconceito e por direitos, que contribuíram para uma maior consciência e um novo olhar sobre essas questões. Reproduzo, aqui, a descrição desses brasileiros – na ordem escolhida pelo clube – que devem ser sempre lembrados por nós, entre muitos outros:

Zumbi (1655-1695)
Conhecido como Zumbi dos Palmares, foi um dos pioneiros da resistência contra a escravidão e o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior do período colonial (foto ao lado).

Milton Santos (1926-2001)
Primeiro e único latino-americano a ganhar o “prêmio Nobel” da geografia mundial. Baiano, destacou-se pelos estudos sobre globalização e urbanização no Terceiro Mundo.

Dandara (?-1694)
Guereira negra do período colonial do Brasil. Após ser presa, suicidou-se para não retornar à condição de escrava. Foi esposa de Zumbi, com quem teve três filhos.

Mestre Moa do Katendê (1954-2018)
Considerado um dos maiores mestres de capoeira de Angola da Bahia, Mestre Moa também foi fundador do bloco afoxé Badauê.

Luiza Bairros (1953-2016)
Gaúcha radicada na Bahia, onde construiu seu histórico de militância negra. Doutora em Sociologia pela Universidade de Michigan, foi ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

Ganga Zumba (1630-1678)
Primeiro líder do Quilombo dos Palmares e antecessor de seu sobrinho, Zumbi.

Maria Felipa (?-1873)
Marisqueira, pescadora e trabalhadora braçal, liderou um grupo de 200 pessoas, entre mulheres e índios, contra os portugueses que atacavam a Ilha de Itaparica, em 1822. É considerada uma das heroínas da luta da Independência da Bahia.

Mãe Menininha (1894-1986)
Mais famosa ialorixá da Bahia e uma das mais admiradas mães-de-santo do Brasil. Foi responsável por abrir as portas do Terreiro do Gantois, em Salvador, aos brancos e católicos.

Luís Gama (1830-1882)
Baiano, é considerado o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil. Conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos negros.

Batatinha (1924-1997)
Um dos maiores nomes do samba da Bahia, foi homenageado por artistas como Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso e Maria Bethânia.

Ederaldo Gentil (1947-2012)
Cantor e compositor da geração mais talentosa do samba baiano, ao lado de Batatinha. Foi gravado por nomes como Clara Nunes.

Neguinho do Samba (1954-2009)
Músico baiano, criador do estilo samba-reggae e fundador do grupo Olodum e da banda Didá, ambos com sede no Pelourinho

Mestre Bimba (1900-1974)
Criador da Luta Regional Baiana, mais tarde chamada de capoeira regional. Foi o responsável por tirar a capoeira da marginalidade;

Luísa Mahin (Séc. XIX)
Mãe de Luis Gama e africana radicada no Brasil, liderou as principais revoltas e levantes de escravos que sacudiram a Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX;

Jonatas Conceição (1952-2009)
Poeta e professor da UNEB, foi um dos fundadores do Movimento Negro Unificado na Bahia. Era diretor do bloco Ilê Aiyê, onde coordenava o projeto pedagógico;

Teodoro Sampaio (1855-1937)
Filho de escrava, foi um dos maiores pensadores brasileiros de seu tempo. Nascido na Bahia e engenheiro por profissão, escreveu obras de vasta erudição geográfica e histórica. Nota do Conexão Planeta: ele dá nome a uma rua movimentada da capital paulista, nos bairros de Pinheiros e Consolação. É bem possível que, quem passa por ela, não faça ideia de quem se trata o homem, cujo nome pronuncia com frequência;

Biriba (1938-2006)
Um dos maiores ídolos da história tricolor, campeão brasileiro de 1959.  Nascido no bairro de Itapuã, preferia jogar na ponta direita, mas aceitou mudar de lado para formar dupla infernal com Marito, outro expoente do Esquadrão;

Carlito (1927-1980)
Maior artilheiro do Bahia em todos os tempos, com 253 gols em 13 anos de clube, de 1946 a 59. É também o maior goleada tricolor na história dos Ba-Vis, com 21 tentos marcados;

Manoel Querino (1851-1923)
Fundador do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia e da Escola de Belas Artes, foi pintor, escritor, abolicionista e pioneiro nos registros antropológicos e na valorização da cultura africana na Bahia;

Edison Carneiro  (1912-1972)
Escritor nascido em Salvador, foi também um dos maiores etnólogos brasileiros a estudar a cultura afro-brasileira. Jornalista, professor e folclorista, é autor da obra “Quilombo dos Palmares”.

Abaixo, o tweet publicado pelo time, que destaca vídeo com algumas das camisetas comemorativas:

Foto: Leandro Couri/Reprodução Facebook

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