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Cientistas descobrem, por acaso, enzima que “come” plástico

cientistas descobrem enzima que digere plástico

Em 2016, em um centro de reciclagem de garrafas PET no Japão, cientistas encontraram bactérias que evoluíram naturalmente para digerir plásticos. Surpreendidos com o achado, pesquisadores decidiram estudar a estrutura da Ideonella sakaiensis para identificar que enzimas ela produzia para conseguir “quebrar” estes resíduos plásticos. Mais precisamente, de que maneira ela evoluiu para conseguir “comer” não só substâncias naturais, mas materiais sintéticos.

Vale lembrar que o polietileno tereftalato, conhecido popularmente como PET, foi inventado em 1940, e em termos de natureza, é relativamente pouco tempo.

Pois, agora, um grupo de cientistas internacionais, que recebeu a colaboração de pesquisadores brasileiros da Unicamp, revelou que durante os experimentos, por acaso, eles desenvolveram uma enzima ainda mais eficiente que digere plástico.

“Depois de apenas 96 horas, percebemos claramente, através de um microscópio de elétron que a enzima degradava o plástico PET”, conta Bryon Donohoe, um dos autores do estudo. “E utilizamos garrafas reais, encontradas em aterros e nos oceanos”.

Atualmente uma garrafa PET demora centenas de anos para se decompor no meio ambiente.

Imagem de microscópio mostra a enzima degradando o PET

“O acaso frequentemente desempenha um papel significativo na pesquisa científica e nossa descoberta aqui não é exceção”, destaca o professor John McGeehan, da Universidade de Portsmouth.

O artigo “Characterization and engineering of a plastic-degrading aromatic polyesterase” será publicado esta semana no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e já chamou a atenção do mundo inteiro, já que é uma esperança para combater este que já virou um dos principais problemas ambientais da atualidade: o plástico!

Estima-se que 8 milhões de toneladas de resíduos plásticos, entre eles garrafas PETS, são despejadas por ano nos oceanos, criando colossais ilhas de detritos. Especialistas afirmam que até 2050, haverá mais lixo do que peixes nos mares do planeta.

Juntos, os cientistas do Laboratório de Energias Renováveis do Departamento Nacional de Energia dos Estados Unidos e da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, criaram uma variação da enzima original, chamada de PETase.

Os pesquisadores afirmam que a nova molécula, que se revelou mais rápida no processo de digestão do plástico, ainda deverá ser aprimorada, ou seja, poderá se tornar ainda mais eficiente.

“Surpreendentemente, descobrimos que a mutação da PETase supera o PETase de tipo selvagem na degradação do PET”, afirma Nic Rorrer, outro autor do estudo. “Entender como o PET se liga no local catalítico do PETase, usando ferramentas computacionais, ajudou a esclarecer as razões para esse melhor desempenho. Diante desses resultados, fica claro que ainda há um potencial significativo para melhorar ainda mais sua atividade. ”


Bryon Donohoe e Nic Rorrer, pesquisando a enzima que digere plástico

Outra diferença da nova enzima é que ela também pode degradar o furandicarboxilato de polietileno, ou PEF, um substituto de base biológica para plásticos PET, utilizado como um substituto para garrafas de cerveja de vidro.

“Poucos poderiam prever que, no espaço de 50 anos, plásticos descartáveis, como garrafas de bebida, seriam encontrados nas praias de todo o mundo”, diz McGeehan. “Todos podemos desempenhar um papel significativo ao lidar com o problema do plástico. Mas a comunidade científica, que criou esses “materiais maravilhosos”, deve agora usar toda a tecnologia à sua disposição para desenvolver soluções reais. ”

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Fotos: divulgação University of Portsmouth/David Jones (abre) e Dennis Schroeder (microscópio)

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