Estimativas indicam que 200 mil pangolins são mortos por ano para a retirada de suas escamas ou consumo de sua carne. Por causa da alta demanda na Ásia, esse animal também começou a ser traficado de países africanos. Em 2019, autoridades apreenderam uma carga com 130 toneladas de escamas vindas da África, o que representaria cerca de 400 mil pangolins abatidos.
Os dados acima, da organização WildAid, só corroboram o que já é de conhecimento de governos e entidades de proteção animal: o pangolim é o mamífero mais traficado no mundo. E mais recentemente, foi apontado como um dos possíveis transmissores para o ser humano do SARS-CoV-2, o novo coronavírus, que provoca a COVID-19.
Esta semana, a China deu mais um espaço para conter o tráfico de animais silvestres, incluindo o pangolim. Sem fazer um anúncio oficial sobre a espécie, em específico, simplesmente a retirou da lista de ingredientes aprovados para uso na medicina tradicional daquele país. O documento é publicado anualmente, e nesta edição, de 2020, o animal não aparece mais como permitido.
“Aplaudimos efusivamente este anúncio, feito em reconhecimento à necessidade de proteger o pangolim, uma espécie criticamente ameaçada de extinção”, afirma Steve Blake, representante da WildAid em Pequim. “Juntamente com a atualização de pangolins para espécies protegidas a nível nacional 1, essas duas ações são cruciais para ajudar a restringir o comércio ilegal. Isso mostra o compromisso rapidamente fortalecido da China em proteger a vida selvagem”.
No começo de março, o governo chinês anunciou a proibição do consumo de animais selvagens. A decisão incluiu a caça, o comércio, o transporte e o consumo de todos os animais silvestres terrestres, criados em cativeiro ou capturados, como burros, cachorros, veados e pangolins.
“O aumento da proteção, juntamente com o rápido e abrangente fechamento dos mercados de vida selvagem e a remoção de muitas espécies selvagens da lista do que pode ser consumido como alimento na China já foram passos muito positivos para salvar o pangolim em todo o mundo e reduzir a possibilidade de que eles não sejam mais um vetor para a doença. E agora esse anúncio, efetivamente fechando as vendas legais de escalas de pangolins, fecha a última grande brecha nos esforços de proteção da espécie”, ressaltou Peter Knights, CEO da WildAid.
“Quer os pangolins sejam a espécie vetorial no caso da COVID-19 ou não, comercializá-los e consumí-los impõe um risco significativo da introdução de uma nova doença e devemos agir para eliminar esse risco o mais rápido possível”, completou.
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Foto: Frendi Apen Irawan/Creative Commons/Wikimedia