Chegada de 50 ararinhas-azuis no Brasil é confirmada para março de 2020

Chegada de 50 ararinhas-azuis no Brasil é confirmada para março de 2020

*Atualizado em 30/10/19

Descritas pela primeira vez em 1832, as ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) são uma espécie nativa da região de Caatinga, na Bahia. Seu nome foi dado por causa de seu pequeno porte: tem aproximadamente 57 cm, quase a metade do tamanho da arara-azul-grande.

Infelizmente, sua beleza e a cor de sua plumagem, de azul vibrante, a fez se tornar vítima da caça e do tráfico ilegal de aves silvestres. Além disso, a destruição de seu habitat também provocou o seu desaparecimento. O último indivíduo da espécie foi visto perto do município baiano de Curaçá, no ano 2000. Por isso, a ararinha-azul foi considerada extinta na natureza.

Hoje as únicas ararinhas-azuis existentes estão em cativeiro. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), órgão do ministério do Meio Ambiente responsável pelo programa de conservação da espécie, existem apenas 177 Cyanopsitta spixii no mundo, 22 no Brasil. Todavia, a maioria delas – 90% da população – se encontra na Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), na Alemanha, com quem o governo brasileiro tem uma parceria.

Em junho de 2018, o ICMBio havia anunciado que 50 ararinhas-azuis seriam reintroduzidas na Bahia, vindas da Europa. Na época, a previsão era que as aves só chegassem ao país no primeiro trimestre de 2019.

Mas desde então, uma grave denúncia feita pelo jornal britânico The Guardian, e repercutidas através de uma série de reportagens feitas pelo Conexão Planeta, aqui no Brasil, colocou o trabalho da ACTP sob suspeita (entenda melhor o caso neste link e nas demais matérias ao final do texto).

Há cerca de cinco meses, o ICMBio divulgou que as 50 ararinhas-azuis chegariam ao Brasil até o final do ano. Mas esta semana, o instituto publicou uma nota, informando que há uma nova data para a chegada das aves no país: março de 2020.

De acordo com o texto, as ararinhas serão levadas para o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-Azul, unidade de conservação, criada no ano passado, em Curaçá.

A nota diz ainda que “Depois de um período de adaptação em viveiro, elas serão, enfim, soltas na natureza”.

Em entrevista ao Conexão Planeta, em 2018, Camile Lugarini, responsável pelo Plano de Ação Nacional para Conservação da Ararinha-Azul, afirmou que “Como as aves vindas da Europa foram criadas em cativeiro, não é viável a soltura delas na natureza. Elas serão as genitoras de filhotes que serão cuidados no centro num primeiro momento e só então, depois, estes filhotes serão soltos na vida selvagem”, explicou.

Enviamos um e-mail à assessoria de imprensa do ICMBio para checar a informação acima, se serão as ararinhas-azuis vindas da Alemanha ou seus filhotes que irão ser liberados na natureza. Recebemos a resposta abaixo:

“O ICMBio informa que  o plantel de animais que virá para o Brasil é composto por animais que serão destinados à soltura e à composição de plantel reprodutivo. Antes da soltura, cada animal será avaliado quanto a sua capacidade de adaptação à vida livre para o maior sucesso no processo de reintrodução”.

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Foto: reprodução Facebook Association for the Conservation of Threatened Parrots

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.