Censo mostra aumento de papagaios-de-cara-roxa no litoral do Paraná e São Paulo

Censo mostra aumento de papagaios-de-cara-roxa no litoral do Paraná e São Paulo

É preciso reconhecer sempre o lindo trabalho dos ambientalistas brasileiros que, com muito esforço, tem conseguido ótimos resultados na preservação e proteção de espécies no país. Um destes exemplos é o da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

A organização acaba de divulgar os números do último censo feito com os papagaios-de-cara-roxa. Depois de anos considerados em risco de extinção, agora em 2017 foram observados 7.339 indivíduos, divididos entre o litoral sul de São Paulo e principalmente, o paranaense, onde foram contabilizadas 5.564 aves (76% do total). Em 2003, estimava-se que existiam apenas 3 mil papagaios-da-cara-roxa soltos nesta região. “O fato de registrarmos uma população acima de 7 mil papagaios por quatro anos seguidos é muito positivo”, destaca Rafael Sezerban, técnico da SPVS.

O Amazona brasiliensis é endêmico da Mata Atlântica e do Brasil, ou seja, só existe aqui e em nenhum outro lugar do mundo. Ele vive em uma estreita faixa que se estende do litoral sul paulista ao extremo norte de Santa Catarina, passando por toda a costa do Paraná. Apesar disso, o censo deste ano não registrou nenhuma ave no litoral catarinense.

O Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa foi criado em 1998 pela SPVS. Há quase 15 anos, é realizada a contagem anual da espécie, que conta com a ajuda valiosíssima de voluntários. Só este ano, foram 50 pessoas. “São estudantes, pesquisadores e moradores do entorno das áreas de conservação, dispostos a colaborar com a preservação da biodiversidade da região”, diz Elenise Sipinski, coordenadora do projeto.

A equipe de especialistas da SPVS faz também o monitoramento do período reprodutivo das aves anualmente. Outras atividades incluem a implantação de ninhos artificiais que auxiliam a reprodução, programas de educação para a conservação da natureza voltado a jovens e educadores da região e iniciativas de combate ao comércio ilegal de animais e ao desmatamento, principais ameaças aos papagaios-de-cara-roxa.

Censo mostra aumento de papagaios-de-cara-roxa no litoral do Paraná e São Paulo

O papagaio-da-cara-roxa vive em grupo, no alto das árvores

Um fator importantíssimo para o sucesso do trabalho de conservação e o consequente, crescimento da população, é da proteção do habitat da espécie. Neste censo de 2017, mais da metade da população contabilizada foi encontrada no Parque Nacional do Superagui (2.295 papagaios) e na Estação Ecológica da Ilha do Mel (1.600), Unidades de Conservação dos municípios de Paranaguá e Guaraqueçaba (PR). “Este dado reforça o quanto a preservação de toda a região é importante para a sobrevivência do papagaio-da-cara-roxa, que se desloca por todo o litoral em busca de alimento e abrigo”, afirma.

Ainda segundo os pesquisadores, esse comportamento das aves, que se reúnem em diferentes pontos, chamados pelos biólogos de “dormitórios coletivos”, pode explicar as variações no censo ano a ano. Em 2016 as equipes haviam encontrado 8.380 papagaios, 1.041 a mais que o censo de 2017. “Realizamos as contagens nos mesmos dormitórios, portanto essas variações para mais ou para menos são esperadas, devido a essa dinâmica da espécie”, explica Sezerban.

Hábitos do papagaio-da-cara-roxa

O Amazona brasiliensis é uma ave da família dos pscitacídeos. Ele mede cerca de 36 cm de comprimento. Sua penugem é verde, mas tem testa e loros vermelhos, vértice e garganta arroxeados e as laterais da cabeça azuis. A cauda tem a ponta amarelo-esverdeada e uma faixa vermelha.

O papagaio-da-cara-roxa costuma fazer seus ninhos nos ocos de árvores altas, preferindo as palmeiras. Vive em bandos nas florestas, geralmente em ilhas, para repouso e reprodução.

Costuma formar casais que se mantêm unidos durante um longo tempo e, muitas vezes, por toda a vida. Quando está em voo, a voz do papagaio-de-cara-roxa é inconfundível: ele emite agradáveis sons de “kli-kli; kra-kra”, comportamento repetido por todo o bando*.


*Fonte: Projeto Papagaio-de-Cara-Roxa

Fotos: Zig Koch

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.