Calor intenso provoca incêndios em quase 3 milhões de hectares de florestas na Sibéria e no extremo oriente da Rússia

Em 20 de junho deste ano, a região mais fria do planeta atingiu 37°C por uma hora, um recorde dentro do círculo do Ártico, de acordo com o Programa Copernicus da União Europeia sobre mudanças climáticas.

A temperatura média na região ficou até 10°C acima do que é considerado normal para esse mês, que foi o mais quente registrado no mundo este ano, empatando com o mesmo período do ano passado, quando as florestas também queimaram bastante por lá.

Os pesquisadores do Copernicus alertam para o “calor excepcional” na Sibéria Ártica, provocado por alteração no regime de ventos e pela redução drástica da cobertura de neve. E insistem em destacar que, desde dezembro, tem sido registrado um período de vários meses consecutivos de temperaturas muito elevadas em algumas regiões da Sibéria. 

“O que é preocupante é que o Ártico aquece mais rápido que o resto do mundo”, destacou Carlo Buontempo, diretor do programa, em nota. 

Permafrost em perigo

O aquecimento global está provocando alterações profundas na temperatura do Ártico, elevando-a de forma muito rápida e intensa em comparação com o resto do planeta, gerando grande desequilíbrio em todo o planeta. Isso porque a região funciona como uma espécie de sistema de ar condicionado, que regula o clima da Terra e afetando diretamente o clima na Sibéria.

As altas ondas de calor e o clima seco favorecem os incêndios florestais, que não só destróem a vegetação como aceleram o derretimento do permafrost, que é uma camada congelada, que cobre 25% da superfície terrestre do Hemisfério Norte, e que esconde metano e dióxido de carbono. A medida que o permafrost derrete, libera esses gases, que intensificam o efeito estufa. Entendeu a gravidade da situação?

2019 foi considerado o segundo mais quente no planeta, depois de 2016, e os especialistas do Copernicus acreditam que a temperatura mundial deve superar um novo recorde no período entre 2020 e 2024.

Lei libera incêndios florestais

De acordo com o Copernicus, em junho, os incêndios emitiram 59 megatoneladas de CO2 na atmosfera, contra 53 megatoneladas no mesmo período no ano passado. “O que é notável é que estes incêndios na Sibéria são parecidos com os do ano passado no mesmo período, no que diz respeito à região afetada e à extensão”, destaca o analista Mark Parrington. “Mas a quantidade de focos de incêndio e a intensidade aumentaram”.

E o governo russo, segundo o Greenpeace, não fez nada para evitar que a situação se agravasse. Com um detalhe: existe uma lei no país que determina que certas regiões (cerca de 50% de áreas de floresta) podem ser deixadas queimando. Isso mesmo! Não é exigido monitoramento, nem planos de mitigação.

Foi devido a essa legislação que os incêndios, que começaram semanas atrás, se descontrolaram e já destruíram 2,9 milhões de hectares (ou 29 mil km). Pior: a fumaça gerada com as queimadas só aumenta e está próxima de cidades e vilas bastante povoadas.

Abaixo, veja publicação do Observatório do Clima no Instagram, que mostra a grave situação dos incêndios florestais na Sibéria:

Fotos: Reprodução vídeos na internet / Mapa: Nasa

Fontes: Copernicus, BBC, Observatório do Clima, Greenpeace

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.