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Caça por marfim pode ter sido responsável pela evolução de elefantes sem presas

Uma nova pesquisa comprova, mais uma vez, como espécies podem se adaptar para sobreviver a mudanças, algo que em 1850, Charles Darwin descreveu em seu livro “A Origem das Espécies”, em que propôs a teoria da evolução biológica por seleção natural. Em um artigo científico publicado na revista Science na semana passada, um grupo de pesquisadores internacionais, liderados por cientistas da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, associam a perda de presas de elefantes africanos (Loxodonta africana) com a ação de caçadores em busca de marfim.

De 1977 a 1992, a Guerra Civil Moçambicana devastou a população de elefantes no Parque Nacional de Gorongosa. Milícias os matavam para retirar suas presas e vendê-las para financiar a compra de armas. Durante o período de 15 anos, dos 2.500 indivíduos da espécie registrados no local, restaram apenas 200. Além disso, pesquisadores perceberam um aumento nas fêmeas de elefantes sem presas, de 18,5% para 50,9%.

E mesmo após o fim do conflito armado, entre 1995 e 2004, uma em cada três elefantas nascidas no parque não tinham presas, em comparação com cerca de uma em cada cinco antes da guerra.

“As presas repentinamente se tornaram um risco, embora em circunstâncias naturais, elas sejam órgãos muito úteis para os elefantes”, diz Shane C. Campbell-Staton, professor assistente de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade de Princeton e principal autor do estudo. “Os elefantes são uma espécie icônica que é tão importante para o ecossistema da savana e agora temos uma melhor compreensão de como a atividade humana está afetando esses animais”.

Durante suas pesquisas, em que foi feito sequenciamento genético das elefantes fêmeas sem presas, os cientistas detectaram dois genes associados ao desenvolvimento de dentes em mamíferos. E um deles está conectado ao cromossomo X, letal para machos. Talvez por estão razão, apenas seja observado o fenômeno entre as elefantas.

“As presas são uma característica definidora dos elefantes e eles as usam para todos os tipos de comportamento, incluindo cavar para obter água e arrancar a casca das árvores. Como elefantes individuais se adaptam comportamentalmente para não terem presas ainda é um mistério que esperamos desvendar à medida que continuamos a trabalhar neste projeto ”, afirma Brian Long, professor adjunto de Ciências da Vida Selvagem da Universidade de Idaho.

Ainda segundo ele, alguns dados preliminares do estudo sugerem, no entanto, que as elefantas sem presas consomem dietas diferentes do que suas contrapartes com presas. “Como os elefantes são uma espécie-chave, mudanças no que eles comem podem afetar toda a paisagem, então uma alta taxa de ausência de presas em uma população de elefantes pode muito bem ter consequências em todo o ecossistema”, destaca.

O elefante africano é considerado o maior animal terrestre da Terra, com uma altura de até 4 metros, com presas que chegam a 6 metros de comprimento, que em alguns machos, são tão grandes que arrastam no chão.

Estima-se que a população de elefantes africanos foi reduzida em 30% nos últimos anos. Aproximadamente 144 mil desses animais foram mortos entre 2007 e 2014, sobretudo, por causa da caça criminosa para a retirada do marfim de suas presas para alimentar o comércio ilegal da Ásia, que movimenta milhões de dólares por ano.

*Com informações da Universidade de Princeton

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Foto: domínio público/pixabay

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Sandra
Sandra
2 anos atrás

Elefantes sem as presas, claro, ficam livres dos mercenários que os matariam por dinheiro mas não conseguirão se livrar dos caçadores que os matam por prazer, pagando caro para chegar ao Habitat deles e consumarem o ato de extermínio, criminosos e maus, além de serem os responsáveis diretos pelo impacto ambiental causado pela modificação da dieta dos elefantes, que, destituídos de suas presas, foram compelidos a modificar seu cardápio. Seres humanos não estão fazendo jus à sua condição de racional superior, erroneamente atribuída a eles, com seu perfil grotesco e primitivo, desprovidos de razão, sem superioridade e sem Deus.

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