Metade das mortes registradas de ambientalistas, ativistas e indígenas no ano passado se deu em somente três países: México, Brasil e Colômbia. É o que revela o mais novo relatório da organização não-governamental britânica Global Witness. Em nosso país, 26 pessoas foram assassinadas ao tentar defender o meio ambiente em 2021. E vale lembrar que esse número representa apenas aquele de dados oficiais, ou seja, ele é provavelmente muito maior.
Foram praticamente quatro assassinatos de ativistas por semana. No México, que aparece no topo deste triste ranking, 54 pessoas perderam a vida – 40% deles eram indígenas, muitos deles simplesmente desapareceram, como oito integrantes da comunidade Yaqui. Na Colômbia, as vítimas chegaram a 33.
Nos países latino-americanos, que representam 3/4 do total de assassinatos, a maioria dos crimes ocorreu na Amazônia, quase 80% deles.
No Brasil, houve um aumento das mortes em relação ao ano anterior. Segundo a Global Witness, isso é resultado dos constantes ataques a ativistas e ambientalistas incentivados pelo discurso do atual governo, do presidente Jair Bolsonaro, que por diversas vezes falou mal daqueles que tentam proteger o meio ambiente, sejam indivíduos ou organizações.
“A retórica inflamatória, a rejeição da sustentabilidade e a falta de punição provocaram outra epidemia, uma de intimidação, ataques e assassinatos de defensores dos direitos humanos”, diz Baskut Tuncak, enviado especial das Nações Unidas sobre a situação no Brasil.
Ao longo da última década, o levantamento da Global Witness aponta que 1.733 ativistas foram assassinados no mundo, uma média de um a cada dois dias. “A maioria desses crimes acontece em lugares distantes do poder e são infligidos àqueles com, de muitas maneiras, têm menos poder”, denuncia o relatório.
E desde 2012, o Brasil é o país que registra o maior número de mortes: 342.
“A Amazônia se tornou um pano de fundo para o aumento da violência e da impunidade… Com poderosos interesses agrícolas no centro da economia brasileira voltada para a exportação, é o cenário para uma batalha por terras e recursos que se intensificou após a eleição do presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, em 2018″, afirma a organização.
Mas vale lembrar que, embora esse relatório indique número, estamos falando de pessoas. Homens e mulheres que tiveram suas vidas brutalmente interrompidas e familiares e amigos que sofrem com sua partida. Como é o caso do indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, que morreram este ano, na região do Vale do Jaguari, e infelizmente, farão parte do documento da Global Witness em 2023.
Seguem abaixo os nomes dos brasileiros assassinados covardemente em 2021:
Aldenir dos Santos Macedo
Alex Barros Santos da Silva
Amaral José Stoco Rodrigues
Amarildo Aparecido Rodrigues
Ângelo Venicius Henrique Mozer
Antônio Gonçalves Diniz
Eliseu Pedroso
F.S.S.
Fernando dos Santos Araújo
Getúlio Coutinho dos Santos
Isac Tembé
Jerlei
João de Deus Moreira Rodrigues
José do Carmo Corrêa Júnior
José Francisco de Souza Araújo
José Vane Guajajara
Kevin Fernando Holanda de Souza
Marcelo Chaves Ferreira
Maria da Luz Benício de Sousa
Maria José Rodrigues
Rafael Gasparini Tedesco
Reginaldo Alves Barros
Roberto Muniz Campista
Roberto Pereira da Silva Pandolfe
Sidinei Floriano Da Silva
Wagner Romão da Silva
Foto de abertura: Arnaldo Sete/Marco Zero Conteúdo/Fotos Públicas (velório de Bruno Pereira)





