Em encontro em Brasília, ontem (20/08), com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff assumiu o compromisso de descarbonizar a economia brasileira até o final deste século. A afirmação de Dilma ocorre dois meses depois que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e Merkel, anunciaram oficialmente, durante encontro do G7 (cúpula de líderes mundiais), na Alemanha, que os dois países irão reduzir o uso de combustíveis fósseis gradualmente até 2100.
Na prática, entretanto, o governo brasileiro não explicou como isto aconteceria. Para que a economia de qualquer país emita menos dióxido de carbono, o CO2 – principal gás responsável pelo efeito estufa e o aquecimento global – é necessário uma drástica mudança no setor energético, que precisa priorizar a utilização de fontes limpas, como solar, eólica e hidrelétrica. A Alemanha já é hoje o país com a maior capacidade instalada de energia renovável do mundo.
Em declaração conjunta, as duas chefes de Estado disseram que “enfatizam que ambos os países compartilham a visão de longo prazo de conter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais, o que implica uma transição para sistemas de energia baseados em energias renováveis e a descarbonização da economia mundial no decorrer deste século”.
Merkel anunciou ainda investimento de 100 milhões de euros até 2020 no Fundo Amazônia (programa do governo federal para prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento na floresta) e empréstimo de 415 milhões de euros para financiar programas de energias renováveis no Brasil.
Já a presidente Dilma reafirmou a intenção do governo de zerar o desmatamento ilegal da Floresta Amazônica até 2030 e restaurar e recuperar 12 milhões de hectares de mata.
Apesar das boas intenções, o Brasil ainda não apresentou perante as Nações Unidas suas Contribuições Voluntárias Nacionais (INDCs, na sigla em inglês). Elas são o conjunto de esforços que os países membros da ONU se comprometem a realizar para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera do planeta. As contribuições internacionais serão vitais para a elaboração de novo acordo climático global, a ser estabelecido em Paris, em dezembro deste ano, durante a realização da COP-21. Em entrevista coletiva à imprensa, Dilma garantiu que as metas brasileiras serão anunciadas em setembro, quando acontecerá a Conferência da ONU para adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em Nova York.
Foto: Roberto Stuckert Filho/ Fotos Públicas