Boston já prepara plano para enfrentar aumento do nível do mar
Enquanto alguns ainda perdem tempo discutindo se as mudanças climáticas são ou não provocadas pelas atividades humanas no planeta, outros – bem mais inteligentes – já estão se preparando para enfrentar os efeitos do aquecimento global. É o caso, por exemplo, da cidade de Boston, nos Estados Unidos.
Batizado de Climate Ready Boston, o plano foi encomendado para um time de especialistas pelo prefeito Marty Walsh. A equipe é composta por oceanógrafos, climatologistas, meteorologistas, engenheiros, economistas e cientistas. Situada ao longo de uma baía, Boston é uma cidade portuárias e tem vários bairros que sofrem riscos de ficarem embaixo d’água, caso o aumento do nível do mar siga o ritmo atual, consequência das emissões de carbono (CO2) na atmosfera.
“A cidade já vem trabalhando com um plano de adaptação e mitigação por algum tempo”, afirmou Ellen Douglas, hidrologista e professor da UMass Boston, à Public Radio International. “Mas em 2012, quando o furacão Sandy devastou Nova York, nos demos conta em Boston que precisamos estar preparados para um evento como esse”.
O plano a ser elaborado deve orientar a administração municipal a seguir uma série de estratégias de resiliência para suportar, nos próximos anos, a ocorrência cada vez mais frequente de tempestades, temperaturas extremas e enchentes.
Enquanto a temperatura média do verão em Boston entre 1981 e 2000 costumava ser de 20ºC, a estimativa dos cientistas do clima é que em 2050 ela deve ser de 24ºC e em 2100 atingir quase 29ºC.
Outra projeção aponta que haverá mais dias de calor extremo na cidade, algo muito incomum para esta região dos Estados Unidos, onde o frio é sempre preponderante. Entre 1971 e 200, foram 11 dias por ano com temperatura superior aos 32ºC. A partir de 2030, poderão ser 40 dias assim e em 2070, até 90 dias, ou seja, praticamente 3 meses de muito calor.
Com importantes atrações turísticas localizadas na beira do mar, Boston já sente de perto o aumento do nível do oceano. Sabe-se que com a profundidade da água sendo maior, ondas ganham mais força, provocando mais estragos e erosão na costa.
O plano Climate Ready Boston deverá prever ainda medidas de adaptação da cidade à nevascas e tempestades mais fortes. O que a cidade americana está fazendo deve ser seguido por outras centenas de cidade ao redor do mundo, já que algumas consequências das mudanças climáticas são inevitáveis. Esta semana, a Nasa anunciou que julho de 2016 bateu todos os recordes de calor para o mês desde 1881, quando este tipo de medição começou a ser feita, como mostramos aqui, neste outro post.
Foto: Malone545/Creative Commons/Flickr
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.