Texto atualizado em 12/2/2022
A Justiça entregou a guarda, a tutela e o tratamento dos animais para o Santuário Vale da Rainha, que também atuou no caso das Búfalas de Brotas. Hoje, em suas redes sociais, a organização divulgou a seguinte nota:
“Ontem, à tarde, recebemos a notícia, formalizada em decisão judicial, que assumimos guarda, tutela e cuidados de mais de 300 Mestres Bezerros de Cunha, tendo como responsável técnico o veterinário Dr. Maurice Vidal responsável por Mestres Animais aqui, no santuário. Agradecemos o apoio da equipe do deputado Murilo Félix no processo que, inclusive, criou a página oficial dos inocentes que, hoje, passa para nossa administração. Pedimos que acompanhem nossas lives para desdobramentos e esclarecimentos. Ao final de cada uma mantemos diálogo aberto para endereçamento de dúvidas e perguntas. Comemoramos que esses seres alcançaram a libertação e viverão com dignidade, mesmo agora já enquanto se recuperam. Só depois de recuperados poderão ser transportados em segurança. Pedimos que considerem o veganismo para evitarmos futuros desastres. Depende de cada um de nós”.
A seguir, leia o texto sobre o caso publicado em 9/2/2022.
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Não é o primeiro e não será o último caso de barbárie contra bovinos registrado no país, desta vez em uma fazenda em Cunha, interior de São Paulo. Em 2 de fevereiro, a Polícia Ambiental encontrou 302 bezerros – com cerca de cinco meses – em situação de maus-tratos e de abandono, sem alimento, água ou assistência veterinária: 292 sobreviveram, até agora.
Na verdade, a primeira denúncia foi feita em novembro do ano passado por moradores da região, que identificaram que os animais estavam subnutridos e com sede. Isso aconteceu mais ou menos no mesmo período em que foram encontradas as Búfalas de Brotas.
Mas somente a partir do dia 5 e de uma nova denúncia, os animais foram resgatados por instituições e ambientalistas de diversas partes do país e levados a um hospital de campanha provisório montado num espaço de exposições cedido pela prefeitura, que precisa de melhorias.
A ação só foi autorizada depois que a Justiça tirou, do proprietário da fazenda, a tutela dos animais, passando-a para Erika Sarraipo, advogada e presidente da comissão de direito dos animais da OAB como informa o deputado Murilo Félix, defensor da causa animal, em seu Instagram.
Alguns bezerros nem andavam mais, de tão fracos, e a maioria já tinha os ossos aparentes. Também foram encontrados animais mortos; outros morreram depois da chegada de assistência.
Erika declarou ao G1: “Os animais estavam em extrema vulnerabilidade, com dificuldade até de resgate. Alguns não resistiram e morreram. Estamos mobilizando tudo que podemos para salvá-los e responsabilizar quem fez isso”.
O destino dos bezerros ainda está indefinido, mas, a priori, assim que eles se recuperarem, serão encaminhados para o Santuario
A união faz a força
O resgate mobilizou organizações e ambientalistas que, recentemente, atuaram no caso das Búfalas de Brotas, como o Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad) e da ativista Luísa Mell, que encaminhou cinco bezerros para hospitais da capital paulista.
Além deles, a ONG Arca da Fé (que, junto com o Grad, trabalhou na tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais), voluntários defensores dos animais e o GAEMA – Grupo de Ação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo, do Ministério Público.
Advogadas ambientalistas e animalistas também estão engajadas neste caso, entre elas Antília Reis, que coordena a ação jurídica das Búfalas de Brotas.
A Arca da Fé criou um perfil no Instagram – Bezerros de Cunha – onde registra todos os movimentos referentes a esse resgate e ao tratamento dos animais, bem como o desenrolar do caso na Justiça. E também faz apelos por doações.
Como acontece com as búfalas de Brotas, o tratamento dos bezerros só é possível devido às doações e ao trabalho presencial de voluntários.
Como doar
A ONG Arca da Fé Resgate Animal recebe doações por estes meios:
– PIX: CNPJ 24.285.635/0001-40
– Conta corrente: Banco Itaú (341), agência 9115, conta corrente 30.734-1, CNPJ 24.285.635/0001-40;
– PIC PAY, com cartão de crédito ou débito: https://picpay.me/ong.arca.fe
– Pay Pal, com cartão de débito e crédito: ong.arcadafe.resgateanimal@gmail.com
– Pagseguro, com cartão de crédito, débito ou boleto.
Também foi criada uma campanha de financiamento coletivo para os Bezerros de Cunha, no site Vakinha.
A Arca de Fé e o deputado Murilo também solicitam, em seus perfis no Instagram, doações de produtos como ração, silagem, sal mineral e soro, cobertores e mantas térmicas, além de alimento para os voluntários, que devem ser entregues na sede da prefeitura em Cunha.
Fazendeiro e empresa, autuados
A fazenda onde a Polícia Ambiental encontrou os bezerros faz parte da empresa Mashia Agropecuária, que oferece investimentos em gado de engorda e pagamento de lucros na venda de cada animal.
Nas redes sociais, o negócio era oferecido como uma oportunidade de investir no agronegócio “sem colocar os pés na lama”.
Mas o local não tem estrutura para manter tantos animais, muito menos em condições que atendam a lei, sem maus-tratos: não há sistema de captação de água, nem equipe de veterinários. Havia apenas um especialista (?) para atender todos os animais.
Assim que a polícia constatou o crime, o dono da fazenda foi multado em R$ 906 mile obrigado pela Justiça a oferecer e custear o tratamento dos animais, sob pena de multa diária de R$ 10 mil para cada animal.
No entanto, a ordem foi ignorada e os animais continuaram abandonados. Foi, então, que a Justiça autorizou o resgate dos bezerros.
A partir da ação da polícia e do Ministério Público, tanto o fazendeiro como a empresa perderam a tutela dos bezerros, que foi passada para a ONG Arca da Fé.
Ao mesmo tempo, o MP entrou com ação contra o proprietário da fazenda, solicitando à Justiça que a guarda dos animais seja destituída e que a fazenda seja interditada para impedir a chegada de novos animais.
Fonte: G1, UOL, Instagram
Foto: Bezerros de Cunha / Reprodução Instagram