Banco mundial de sementes chega à marca de 1 milhão de grãos

Banco mundial de sementes chega à marca de 1 milhão de grãos

Na distante ilha de Svalbard, no arquipélago ártico, entre a Noruega e o Polo Norte, está localizada a chamada “Arca de Noé” das sementes da humanidade. Em um imenso cofre, no meio do gelo, estão armazenadas espécies de sementes das principais variedades de alimentos do planeta. E em fevereiro, este banco chegou ao incrível número de 1 milhão de grãos, mais especificamente, 1.059.646.

O objetivo do Silo de Sementes de Svalbard, inaugurado em 2008, é salvaguardar a biodiversidade das espécies de cultivos que servem como alimento para as populações dos quatro cantos da Terra e assim, evitar sua extinção.

Já estão guardados ali, por exemplo, sementes de alimentos da África e da Ásia, como milho, arroz, trigo e sorgo, e ainda, variedades de berinjela, alface, cevada e batata da Europa e da América do Sul.

O repositório tem como meta preservar 90% das sementes existentes no mundo, doadas pelos países produtores (e que possuem os direitos e controle sobre elas). Sua capacidade total de armazenamento é 4,5 milhões de sementes, com uma média de 500 por variedade, ou seja, em um total possível de 2,5 bilhões de unidades.

O silo fica encravado no meio de uma montanha rochosa, sob uma temperatura de -18oC e com umidade bastante baixa,
ideais para o armazenamento dos grãos

No mundo todo, há mais de 1.700 bancos genéticos de sementes. Infelizmente, alguns estão sujeitos a desastres naturais ou conflitos de guerra. Quando foi-se decidido pela construção de Svalbard, pensou-se que ali seria o lugar perfeito para proteger as espécies alimentares do planeta. Mas em 2016, um dos anos mais quentes registrados até hoje, a camada de permafrost (solo que, na teoria, deveria permanenter eternamente gelado) derreteu e a água inundou 15 metros na entrada do túnel de Svalbard, como mostramos aqui, neste outro post. Não houve dano nenhum às sementes, todavia, percebeu-se que o aquecimento global é uma ameaça à segurança do local.

Recentemente, o governo norueguês anunciou o investimento de 10 milhões de euros para a construção de um novo túnel e reforçar a proteção do silo contra fontes de calor.

Até hoje, só houve um caso de pedido de retorno de sementes. Foi quando o banco de genes da cidade de Aleppo, na Síria, danificado pelo conflito que assola o país, pediu para ter novamente algumas variedades de grãos.

O silo tem como meta preservar 90% das sementes existentes no mundo


Foto: divulgação/CIAT/Neil Palmer (abertura) e demais reprodução Facebook

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.