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Baleia enrolada em redes de pesca aparece morta em Santa Catarina, elevando número de casos para dez desde o começo do ano

Menos de um mês após noticiarmos o caso das quatro baleias jubarte emalhadas em Santa Catarina (duas delas morreram), um novo incidente é registrado no estado. Ontem (08/07), a Associação R3 Animal, que acompanhou todos os casos, informou que uma outra baleia, também enrolada em redes de pesca, encalhou na Praia do Campeche, em Florianópolis.

A baleia, uma jubarte (Megaptera novaeangliae), era um indivíduo juvenil. Depois que o animal chegou na areia, sem vida, a equipe da R3 Animal fez coleta de amostras para análise em laboratório.

Desde o começo do ano, já ocorreram dez casos de baleias enroscadas em petrechos de pesca. E no total, dezesseis cetáceos morreram, mas não necessariamente todos em interação com redes.

Como nos últimos anos a presença de baleias jubarte no litoral brasileiro se tornou mais frequente, tem-se observado também um crescimento nos encalhes. Todos os anos, entre os meses de julho e novembro, elas podem ser vistas por aqui. Chegam ao país, vindas da Antártica, para se reproduzir nas águas quentes dos trópicos. O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no sul da Bahia, é considerado o berçário da espécie no Oceano Atlântico Sul Ocidental.

Em 2020, o censo realizado pelo Projeto Baleia Jubarte revelou um aumento dos indivíduos em nossa costa e sobretudo, de filhotes nascidos na Bahia e Espírito Santo. Estima-se que a população da espécie no Brasil passe de 20 mil.

“Existe uma tendência de crescimento de encalhes. Isso porque a população está crescendo. Com mais baleias no nosso litoral temos mais animais que morrem de causas naturais (doenças, velhice, etc) e mais baleias que morrem por problemas causados pelas pessoas. Emalhes, atropelamentos por navios. Mas também temos anos atípicos, como 2010 e 2017/2018. Pode ser que estejamos começando um ano atípico”, diz Milton Marcondes, veterinário chefe e coordenador de pesquisa do Projeto Baleia Jubarte.

O especialista explica também que ocorre de tempos em tempos uma diminuição de krill, o principal alimento das baleias. “Isso deixa os animais mais magros, mais sujeitos à doenças e também buscando comida no sul e sudeste do Brasil. Aí eles ficam mais sujeitos aos emalhes”.

Os filhotes certamente são os mais vulneráveis nesses tipos de incidentes. O risco maior é eles acabarem morrendo por não conseguir vir à superfície respirar. “Um adulto tem bem mais força e muitas vezes consegue rasgar a rede. Além disso, o filhote precisa mamar. Se a rede cobrir a cabeça dele ou se ele se separar da mãe pode acabar morrendo de fome”.

Baleia enrolada em redes de pesca aparece morta em Santa Catarina, elevando número de casos para dez desde o começo do ano

Gráfico mostra os números de encalhes de jubartes nos últimos 18 anos na costa brasileira

Marcondes esclarece que não há uma solução fácil para reduzir os emalhes, já que onde há concentração de pesca e de baleias existe o problema. “Isso acontece no mundo todo. Para prevenir a situação seria necessário ou modificar o equipamento de pesca para deixar ele mais fácil de ser percebido pela baleia ou para que ela consiga se desvencilhar mais facilmente dele. Mas isso é um processo longo, que não muda da noite para o dia, e tem muita resistência também em relação a isso”.

Baleia enrolada em redes de pesca aparece morta em Santa Catarina, elevando número de casos para dez desde o começo do ano

Carcaça da baleia que encalhou ontem na Praia do Campeche

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*Caso você aviste um mamífero, ave ou tartaruga marinha debilitada ou morta na praia, no Paraná, Santa Catarina ou São Paulo, ligue para o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), no telefone 0800 642 3341. No Rio de Janeiro o número é 0800 9995151Sua ajuda é fundamental para salvar vidas!

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Fotos: Emanuel Ferreira/R3 ANIMAL

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Regina Meireles
Regina Meireles
2 anos atrás

Enquanto reinar a falta de interesse de alguns governantes (se n for a maioria), de pescadores e da indústria pesqueira, veremos mto mais animais marinhos mortos pelas redes e outros artefatos de pesca. Aparentemente o trabalho árduo q se faz para tentar evitar essa matança indireta é mínimo diante da ganância e do pouco caso. Infelizmente. Aí todo o esforço conservacionista parece de secar gelo pq no q determinada população marinha cresce, mais a frente morre pela ação do homem q deveria buscar um menor impacto negativo com a exploração daquele ambiente.

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