As mais incríveis imagens do fundo do mar, em livro


Desde 1965, a competição anual Fotógrafo da Vida Selvagem é realizada pela BBC Wildlife Magazine, quando esta ainda se chamava Animals. E, já no início foi considerada imprescindível para os fotógrafos de natureza iniciantes ou pouco conhecidos que querem conquistar visibilidade mundial.

Em 1984, o Museu de História Natural, de Londres, se envolveu com o projeto e ampliou sua dimensão, transformando-o no que é hoje. Todos os anos, os organizadores recebem milhares de inscrições de quase 100 países. As imagens vencedoras participam de uma exposição que circula pelo mundo e também são exibidas no site do museu e da BBC Wildlife Magazine, sem falar na divulgação feita pela imprensa. Afinal, quem não quer mostrar estas imagens incríveis?

Agora, as fotos mais memoráveis, produzidas pelos participantes da competição durante mais de cinco décadas, estão reunidas em livro organizado pelo Museu de História Natural. Um deleite para os olhos, sem dúvida, mas a beleza da publicação vai muito além das imagens. Não bastasse o impacto e a emoção que elas causam, as histórias contadas por seus autores – a respeito de suas experiências, de como a foto foi feita ou ainda sobre as reações dos animais – são uma preciosidade à parte.

O livro está à venda pelo site da WaterStones, mas você já pode se deleitar com algumas delas, aqui, no Conexão Planeta.

Encontro de Clãs – Tony Wu


A primeira indicação de que algo extraordinário estava acontecendo era a exalação de vapores provocada por baleias. Parecia um grande número delas. Ao entrar na água, o fotógrafo testemunhou uma cena extraordinária. Centenas, possivelmente milhares, de cachalotes giravam e se contorciam na água, batendo e esfregando-se umas nas outras. A pulsação, o zumbido, o rangido e a crepitação da comunicação das baleias provocava cacofonia. A imagem mostra apenas uma fração da cena, com as baleias empilhadas. Sem dúvida, este foi um encontro de clãs.

A beleza da flexão de gênero – Alexander Mustard

Este é um momento de êxtase! Segundos antes da desova, no extraordinário ritual de acasalamento de aldeias no Caribe. O macho chama enquanto acaricia a fêmea, que se curva ao seu redor, de cabeça para baixo, prestes a estrudar seus ovos. Ele abana suas barbatanas peitorais para criar uma corrente, que atrairá os ovos para ele, enquanto libera os espermatozóides. Este peixe de recife de coral é, possivelmente, a mais bela das 13 espécies existentes nessas aldeias, e desova ao entardecer, que é um momento muito perigoso já que é também a hora em que os predadores saem para se alimentar.

Tartaruga em apuros – Jordi Chias Pujol


Esta não foi a primeira vez que o fotógrafo encontrou um animal preso em uma rede. A tartaruga estava completamente emaranhada, e parecIa morta viva. A Cabeçuda passa a maior parte da vida submersa, mas precisa emergir para respirar. Como a rede flutuava, ela até conseguia se alongar para chegar à superfície. Jordi tentou libertá-la, mas de repente a rede foi puxada e, alguns minutos depois, a tartaruga estava livre. 

O ornamento e o magnífico – Jeff Rotman

Espreitando para fora da escuridão, um camarão empoleira-se em seu refúgio, semelhante a uma fortaleza: uma magnífica anêmona do mar, com até um metro de largura, a segunda maior de todas. Esta é uma imagem poderosa criada por um ângulo extremamente baixo. A iluminação suave adiciona polimento à estrutura e um brilho ao belo camarão de 2 cm. A magnífica anêmona do mar é, de fato, a fortaleza do camarão, proporcionando-lhe abrigo e proteção contra os predadores. Quem vai se arriscar a pegá-lo, escondido entre o guarda-chuva de tentáculos com suas células pungentes?

Equipamento de mergulho – Alexander Mustard

As pernas de uma gigantesca plataforma de petróleo ao largo da costa da Califórnia formam a estrutura para esta cena linda e turbulenta. Durante o dia, os peixes fazem uso da sonda como abrigo, mas predadores como leões-marinhos, botos e golfinhos aprendem rápido que as plataformas podem ser áreas de pesca. Já aves marinhas como os cormorões de Brandt a usam como uma espécie de despensa submarina, parecendo voar através do cardume de cavalas do Pacífico. Na parte de cima da plataforma, secam as asas após o mergulho.

Assassino gigante – Ralph Pace

Se um peixe pode expressar emoção com seus olhos, este peixe-lua o fez. A agitação na superfície da água, resultante da tentativa do peixe de se desvencilhar do leão marinho, atraiu aves marinhas que, por sua vez, chamaram a atenção do fotógrafo para o local, sobre o Nine Mile Bank, bem ao largo da costa da Califórnia. A foto foi tirada em 2015, quando o evento extremo El Niño fez com que grande parte dos peixes que alimentam os leões-marinhos fossem para o norte, para águas mais frias. Isso transformou o peixe-lua num prêmio pelo qual valeria a pena lutar.

Abrindo-se para o submundo – Christian Vizi

A vista de baixo, na água parada de um cenote* Aktun Ha, no México, é como olhar para um aquário mágico. O florescer natural de algas no verão colore a camada superior com água verde e, embora as partes inferiores das folhas de lírios envelhecidas sejam iluminadas pela luz fraca dos estroboscópios, elas surgem rosadas. Suas hastes chegam a vários metros do fundo da ampla piscina natural, mas a maioria não alcança a superfície. Mas a água é tão cristalina que há luz suficiente para a fotossíntese.

*Cenote é uma cavidade natural, natural da Península de Iucatã, no México; era muito usada em rituais de sacrifício da civilização Maia.

Fotos: Divulgação

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.