Artista digital alemão imagina espaços urbanos ‘recuperados’ pela natureza durante a quarentena do coronavírus

Timo Helgert já colocou cobras e um pântano dentro de um vagão do metrô, numa obra intensa e surreal, como boa parte de seu trabalho dedicado à publicidade e ao cinema. Mas, desde 13 de março, o artista alemão tem chamado a atenção de seus seguidores no Instagram devido a uma releitura desse vagão. Ele aparece tomado por um belo jardim, cheio de flores brancas, borboletas e passarinhos cantantes, como se a natureza tivesse tido tempo de invadir aquele local, tão solitário, sem seres humanos em circulação frenética.

Indicando estar no bairro do Brooklin, em Nova York, ele provocou os fãs com a imagem inusitada. Um seguidor logo pediu uma versão londrina, e, outro – o também artista digital @alpevchino – fez uma previsão do futuro: “Quando a natureza finalmente vencer este mundo louco”.

Dez dias depois, Helgert republicou a imagem (foto acima), indicando que estava em Berlim, Alemanha, onde mora, e, na legenda, contou que as borboletas tinham voltado. “Isso pode acontecer, um dia. Eu acredito”, comentou um seguidor, para o qual o artista respondeu: “Talvez logo”. E outro, ainda: “O intervalo que precisamos, o intervalo que não queremos”.

Talvez sem o artista se dar conta, estava lançada uma pequena série de vídeos curtinhos, que ele chamou de O retorno da natureza para homenagear as pessoas isoladas na quarentena do coronavírus, ao mesmo tempo em que se configura uma crítica ao mundo atual. A natureza volta quando o ser humano sai de cena, poderia ser a tradução da obra.

Os vídeos viralizaram rápido no Instagram, claro. Os quatro, juntos, têm quase 400 mil visualizações. O mais curtido é o do vagão do metrô, com 838 coraçõezinhos, seguido pelo post do jardim próximo à Ponte do Brooklin (Brooklin Bridge), Nova York, feito a pedido de seguidores, devido à velocidade com quem o vírus se espalhou pelos Estados Unidos. “Recebi muitas mensagens para fazer mais uma, então aqui está a parte 4 da série”, a última.

Foi o que aconteceu também com o shopping de luxo Vittorio Emanuele II, em Milão que, por irresponsabilidade de seu prefeito, foi a cidade italiana que registrou mais mortes por coronavírus. Para finalizar a série, o artista disse que escolheu o Museu do Prado, em Madri, para colocar seu jardim. “Eu queria criar algo para as pessoas na Espanha, por isso escolhi Madri para a última peça da série. Fiquem seguros!”, comentou na legenda. Ele ainda não sabia que seria a penúltima, na verdade. Quer dizer, não foi bem assim.

Hoje, quando dei uma olhada em seu Instagram, por curiosidade, lá estava outra imagem da série: um jardim cheio de flores e borboletas na frente do Taj Mahal, em Agra, na Índia, fechado pelo governo em 17 de março devido à pandemia e à morte de duas pessoas por coronavírus.

Será que ele abriria mais uma exceção e colocaria seu jardim cheio de borboletas em algum espaço urbano do Brasil? Que lugar você indicaria para o artista?

Se quiser conhecer o trabalho de Timo Helgert, visite seu site. Mas, agora, deleite-se com seus jardins no Instagram (que não estão no site), por ordem de publicação: vagão no metrô (Nova York ou Berlim?), shopping de luxo em Milão, Museu do Prado, em Madri, Ponte do Brooklin, em Nova York, e Taj Mahal, em Agra. Por último, a cobra e o pântano dos quais falei no início deste post. E siga o moço no Instagram: Vacades.

Foto: Reprodução

Deixe uma resposta

Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.