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Artista cearense instala vaca magra em frente à Bolsa de Valores de SP em protesto contra a fome… e o touro dourado

Artista cearense instala vaca magra em frente à Bolsa de Valores de SP em protesto contra a fome... e o touro dourado

Hoje, 9/12, uma vaca magra e amarela foi instalada em frente à Bolsa de Valores de SP e trouxe o touro opulento e dourado novamente à lembrança e ao noticiário. Instalado em novembro, ele causou protestos reais e virtuais, do público e de movimentos sociais. Todos consideraram a escultura como uma provocação diante do cenário de miséria e fome pelo qual passa o país e que caracteriza o centro da capital paulista.

Uma semana depois, a prefeitura multou (em R$ 38 mil) os responsáveis pela instalação da obra de mau gostouma cópia não autorizada do Charging Bull, o touro de Wall Street, em Nova York, EUA – e exigiu sua remoção devido à violação da Lei da Cidade Limpa e à falta de licença da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) para ser instalada. 

Dias depois de sua remoção, ativistas se manifestaram em prol das búfalas de Brotas no mesmo local – como contamos aqui -, relembrando o touro dourado que ali estava e que representava o poder do capital que também explora os animais.

‘Símbolo do Brasil de Bolsonaro!’

Foto: Reprodução do Instagram da artista

Hoje, a artista cearense Marcia Pinheiro instalou sua mais nova obra no mesmo espaço e celebrou em seu Instagram: “Hoje! Chegando…”. A instalação é uma forma de protesto contra a fome no Nordeste e no país. E também uma provocação contra a instalação da escultura anterior, não só devido ao local escolhido, mas também à cor da vaca.

E claro que sua permanência no local não seria longa: se o touro não pode ficar lá, por que a vaca poderia, sem autorização? Assim, algumas horas depois, antes que policiais militares a apreendessem, o produtor e ativista Rafael Rasmoke, parceiro de Marcia e quem instalou a vaca em frente a B3, decidiu removê-la.

Ele chegou a ser abordado pelos policiais, mas liberado em seguida. Segundo Rafael, a vaca magra amarela ficará guardada em um galpão até a próxima intervenção. A intenção da artista é fazer mais duas aparições com a escultura, e depois vender a obra para doar o valor integral a uma ONG de combate à fome.

Artista cearense instala vaca magra em frente à Bolsa de Valores de SP em protesto contra a fome... e o touro dourado
Rafael Rasmoke, produtor, ativista e parceiro da artista, remove a vaca magra antes da chegada dos policiais / Foto: reprodução de vídeo

O tempo de exibição da vaca magra foi suficiente para impactar quem por ali passou e receber registros de jornalistas atentos aos direitos humanos como Leonardo Sakamoto, que escreveu a respeito em sua coluna no UOL.

“Viva a Vaca Magra, verdadeiro símbolo do Brasil de Bolsonaro!”, declarou ele. “A vaca magra são os brasileiros remexendo lixo e disputando ossos, a queda de 11% na renda média, a inflação devorando os trabalhadores, a seca que explode o preço da energia porque o governo ignorou as mudanças climáticas. A vaca é uma elite que se lambuza de ouro enquanto o país está na lama”.

Dez anos de ‘Vacas Magras’

A ‘vaca magra da B3‘ tem tamanho real, é feita de fibra de vidro e pintada de amarelo (ou será dourado?) e faz parte da série Vacas Magras lançada pela artista em 2011, em Fortaleza, com o intuito de chamar a atenção do público para as consequências da seca do nordeste, “com foco, principalmente, na última estiagem de chuvas, que ocorreu entre 2011 e 2018″, salienta.

Com suas vacas esquálidas, ela quis convocar o público a refletir sobre os impactos da seca no semi-árido nordestino: a fome e a miséria. Infelizmente, muito a calhar neste momento da história, em qualquer parte do país. Por isso, seu protesto na frente da B3 foi perfeito, mesmo que fugaz.

Em novembro, Marcia expôs novas esculturas de vacas magras e coloridas no pátio da Unifor – Universidade de Fortaleza durante congresso sobre impactos ambientais no semiárido nordestino. Todas as vacas foram pintadas com figuras que remetem a animais em risco de extinção da região, devido à seca inclemente.

Suas vacas magras também já foram expostas no Departamento Nacional de Obras Contra Seca (Dnocs), no Palácio da Abolição e na Secretaria de Educação do Estado do Ceará (neste caso, com uma vaca inteiramente branca).

Marcia Pinheiro é formada em artes visuais e design gráfico e sua obra aborda temáticas de cunho social. Já expôs na Casa Cor Ceará, no Prêmio Design Ceará, no 55º Salão de Abril, no Festival Vida&Arte e na Mostra Cariri. Também participou de exposições coletivas como Arte Contemporânea e Artes Plásticas em Fortaleza/CE, 3º Salão Internacional de Artes Visuais e 5ª Bienal Nacional de Gravura-Olho Latino, em SP. 

“Meu trabalho está relacionado a questões sociais com um forte apelo à identidade cultural. Na prática, desenvolvo um processo construtivo no qual transito por variadas linguagens. Algumas características são perceptíveis como a abstração e o uso de materiais alternativos além de uma estética carregada de poesia virtual“, diz ela, em seu site.

Foto (destaque): reprodução de vídeo

Com informações de Leo Sakamoto, Poder, Diário do Nordeste

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