Após dez anos em aquário na China, baleias belugas são soltas nas águas de santuário na Islândia

Após dez anos em aquário na China, baleias belugas são soltas nas águas de santuário na Islândia

A história de Little Grey e Little White parece saída de um livro. Uma trajetória triste, mas com final feliz. Em junho do ano passado, escrevi sobre essas baleias belugas, duas fêmeas, que foram capturadas no Mar da Rússia e passaram dez anos de suas vidas em um aquário de Shangai, na China.

Mas em 2012, o Changfeng Ocean World foi comprado pelo grupo de entretenimento britânico Merlin, que opera a rede de aquários Sea Life, administrada também por uma fundação de conservação ambiental. Entre as políticas do Merlin, está a proibição em manter em cativeiro golfinhos e baleias.

Por essa razão foi decidido então que Little Grey e Little White seriam levadas para um santuário de belugas, na baía de Klettsvik, em Heimaey, nas Ilhas Westman, na Islândia.

Em parceria com a organização Whale and Dolphin Conservation, foi planejada uma viagem cuidadosa para fazer o transporte das baleias até o local: um percurso de mais de 10 horas e 9 mil quilômetros, envolvendo avião, caminhão e barco.

Felizmente, tudo correu bem e as fêmeas passaram os últimos meses em tanques internos, em um processo de adaptação ao novo habitat: clima local, temperatura da água, alimentação.

Após dez anos em aquário na China, baleias belugas são soltas nas águas de santuário na Islândia

Little Grey e Little White não serão soltas no oceano aberto. Por terem vivido tanto tempo em cativeiro, elas nunca sobreviveriam na vida selvagem. Não conhecem rotas de migração, por exemplo, ou não estão acostumadas com marés e correntes fortes.

Mas no santuário elas ficarão em uma enseada de 32 mil me 10 mil metros de profundidade, ou seja, com uma qualidade de vida muito melhor do que a do aquário. Além disso, a intenção do Sea Life é trazer outras belugas para o local, já que esses animais estão acostumados a viver em grupo.

Na sexta-feira passada (07/08), as baleias foram transferidas para dois recintos externos, dentro da baía, na última etapa antes de serem liberadas no santuário islandês.

“Ver Little White e Little Grey, juntas, aqui na baía, é uma sensação extraordinária. Sob a luz do sol, na natureza… Elas não ficavam expostas a ele desde muito jovens, quando foram tiradas do mar”, celebrou Andy Bool, diretor do Sea Life Trust.

Após dez anos em aquário na China, baleias belugas são soltas nas águas de santuário na Islândia

Segundo Bool, ainda há outras 300 belugas mantidas em cativeiro no mundo.

“Nossa esperança é mostrar que elas também podem se beneficiar de viver em um ambiente natural como este”, afirmou.

Chega de cativeiro!

A beluga (Delphinapterus leucas), chamada popularmente de baleia branca, é encontrada em altas latitudes, em torno do círculo polar Ártico, distribuindo-se desde a costa da Groenlândia até a região da Noruega. Elas podem viver entre 35 e 50 anos.

Vergonhosamente, a Rússia é famosa pela captura de baleias com o objetivo de vendê-las para aquários da China. Mas atualmente, há um movimento mundial contra o aprisionamento desses animais em recintos fechados. Em 2017, o Aquário de Vancouver foi proibido de manter golfinhos e baleias em cativeiro.

Após dez anos em aquário na China, baleias belugas são soltas nas águas de santuário na Islândia

Leia também:
Atriz participa da campanha da PETA para boicotar o SeaWorldSeaWorld acaba com reprodução de baleias orca em cativeiroNarval é adotado por família de belugas em exemplo inspirador da natureza
Presença de baleias cachalotes no Ártico aumenta temor de cientistas sobre aquecimento dos oceanosCirco alemão faz espetáculo fascinante ao substituir animais reais por hologramasPortugal proíbe uso de animais selvagens em circos

Fotos: reprodução Facebook Beluga Whales Sancturary

Deixe uma resposta

Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.