Apesar de protesto de pescadores, Japão deve descartar água radioativa descontaminada de Fukushima no mar
Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 8,7 atingiu a costa do Japão. Como consequência, um tsunami com ondas de 14 metros atingiu a usina nuclear de Daiichi, no município de Fukushima, na costa nordeste do país. Três dos seis reatores nucleares derreteram. E uma onda de radiação se espalhou pela região.
Uma década depois do desastre nuclear, o governo japonês ainda precisa lidar com o impacto da tragédia. Acontece que a planta nuclear desativada atingirá sua capacidade máxima para conter toda a água subterrânea contaminada que vaza para dentro da instalação.
A discussão para como lidar com o problema já dura sete anos. Já foram debatidas várias possibilidades, entre elas, um processo de evaporação da água ou como parece que acontecerá finalmente, o descarte dela no Oceano Pacífico.
Todavia, antes disso a água radioativa será descontaminada e as autoridades japonesas garantem que ela não causará nenhum mal à saúde humana ou impactará o meio ambiente. Ainda segundo o governo, o trítio, um composto que permanecerá na água mesmo após sua limpeza, estará em concentrações baixíssimas.
Mesmo assim, pescadores japoneses são contra a medida. Eles acreditam que apesar das garantias do governo, consumidores ficarão temerosos em consumir pescados da região.
Países vizinhos pedem para que o Japão seja transparente na sua decisão. Atualmente 14 nações, entre elas, a China e a Coreia do Sul, restringem a importação de pescados e produtos agrícolas japoneses.
No último dia 11 de março, quando se completou uma década do acidente nuclear, o Greenpeace Japão lançou um detalhado relatório sobre o desastre. De acordo com o relatório, apesar de o governo do país afirmar que a maior parte da área exposta à radiação foi descontaminada, ainda hoje há muitas regiões que ainda têm a presença de césio.
Além disso, o Greenpeace denuncia violação de direitos humanos, já que “as ordens de evacuação foram suspensas em áreas onde a radiação ainda permanece acima dos limites de segurança, potencialmente expondo a população a um maior risco de câncer. Este é um perigo particular para crianças e mulheres”.
Placa indica local contaminado por radiação
Organizações ambientais ressaltam ainda a necessidade do Japão em investir em fontes de energiais renováveis e abandonar por completo a geração nuclear.
“Depois de anos dependendo fortemente da energia nuclear, o Japão se encontra em uma encruzilhada. Infelizmente, após o acidente nuclear de Fukushima Daiichi, o governo começou a promover usinas movidas a carvão, o que levou a outro problema: a aceleração da crise climática. Globalmente, os próximos 10 anos serão um período decisivo para os governos mitigarem os efeitos catastróficos da emergência climática sobre as pessoas e a biodiversidade”, alerta Sam Annesley, diretor executivo do Greenpeace Japão.
*Com informações do site Kyodo News
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Fotos: Greenpeace Japan/© DigitalGlobe (abertura) e © Noriko Hayashi
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.