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Análise revela que dezenas de raias encontradas mortas no litoral sul paulista foram descartadas após ficarem presas em redes de pesca

Análise revela que dezenas de raias encontradas mortas no litoral sul paulista foram descartadas após ficarem presas em redes de pesca

Na manhã do dia 23 de dezembro do ano passado, indígenas da aldeia Tapirema, se depararam com dezenas de raias e alguns tubarões mortos na restinga da praia de Tanigwá, em Peruíbe, no litoral sul de São Paulo. Acionada, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente foi até o local e as carcaças foram recolhidas. Agora, semanas após o ocorrido, o Instituto Biopesca divulgou uma nota técnica depois de fazer uma análise dos animais.

Segundo a avaliação da equipe do instituto, o evento não foi uma mortandade natural. As 55 raias ticonha, em sua maioria da espécie Rhinoptera bonasus, os três tubarões martelo (gênero Sphyrna) neonatos e uma raia móbula (Mobula sp) não encalharam ali. Eles foram colocados propositalmente na área de restinga para que o incidente fosse ocultado, já que apresentavam marcas de interação com redes de pesca, como lesões lineares bem demarcadas na epiderme e escoriações nas extremidades.

As raias também tiveram os ferrões retirados, com o auxílio de uma lâmina cortante, o que geralmente é feito para evitar o ferimento dos pescadores ao tentar tirar os animais presos da rede.

“A análise do local de encontro das carcaças indicou que foram colocadas na vegetação propositadamente. Para embasar esta conclusão, considerou-se a disposição das carcaças na vegetação, o fato de estarem todas muito próximas e a distância da vegetação até a linha d’água”, diz a nota do Instituto Biopesca.

Ainda segundo os profissionais, se tivesse sido um encalhe na praia, as carcaças estariam na faixa de areia e de forma mais ampla e aleatoriamente distribuída. “Estas carcaças foram retiradas do mar e deslocadas até o local em que foram encontradas, o que sugere a intenção de ocultar as carcaças”.

Análise revela que dezenas de raias encontradas mortas no litoral sul paulista foram descartadas após ficarem presas em redes de pesca

As evidências sugerem que os animais foram vítimas de pesca de arrasto ou de redes de espera. Os tubarões e as raias encontravam-se no mesmo estágio de decomposição, ou seja, morreram juntos.

“Infelizmente este tipo de ocorrência está relacionada às atividades realizadas de forma que, no mínimo, não seguem preceitos alinhados às boas práticas e com a conservação ambiental, o que resulta em grande impacto na fauna e contribui para a diminuição dos recursos pesqueiros na região”, alerta o Instituto Biopesca. “A divulgação destas situações e as medidas a serem adotadas requerem cuidados e muita responsabilidade, pois estas ocorrências tem alto impacto social e podem comprometer a atuação de profissionais que agem dentro da lei e com responsabilidade ambiental, não se pode generalizar. Recomenda-se intensificação da fiscalização desta área, principalmente no período noturno, quando é sabido que este tipo de ação ocorre”.

Em nota enviada ao portal de notícias G1, a prefeitura de Peruíbe afirmou que a responsabilidade pela fiscalização das atividades de pesca no litoral do município são da Polícia Ambiental.

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Fotos: divulgação Instituto Biopesca

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Sandra
Sandra
2 anos atrás

Um dia, mais evoluídos e empáticos, também lamentaremos que os peixes sejam mortos, tanto quanto as raias, golfinhos, baleias e tubarões porque morte é morte, não importa a espécie e nos comoveremos, tanto quanto nos emocionamos com a visão destes pobres seres que, à exemplo das pessoas, adoram viver e ser felizes.

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