Amazônia tem aumento de quase 30% no desmatamento em março, revela monitoramento do Inpe

Amazônia tem aumento de quase 30% no desmatamento em março, revela monitoramento do Inpe

Mais um recorde de destruição das florestas na Amazônia: os três primeiros meses de 2020 apresentaram o maior índice de devastação vegetal dos últimos cinco anos, segundo o Deter*, sistema de alertas de desmatamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

De acordo com o levantamento do instituto, neste primeiro trimestre foram desmatados 796 km², um aumento de pouco mais de 50% em comparação ao mesmo período de 2019.

O relatório do instituto aponta ainda que março, sozinho, também registrou um alto porcentual de desmatamento. Foram detectados 326 km² de destruição, um crescimento de 29,9% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando esse número foi de 251 km².

Os estados do Pará, Amazonas e Mato Grosso são os principais responsáveis pelas áreas desmatadas. Nessas regiões há uma grande expansão da indústria agropecuária, que com ela, traz a necessidade da construção de estradas para o escoamento da produção.

Além disso, moradores da região denunciam que, apesar da ordem de isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus, grileiros, madeireiros e garimpeiros continuam invadindo terras e colocando em risco, mais do que nunca, a vida e a saúde de comunidades locais e povos indígenas.

Análise dos dados do Inpe mostram que, entre 1o de agosto de 2019 e 31 de março de 2020, a área devastada na Amazônia chegou a 5.315 mil km², uma alta de 99%, se comparado ao mesmo período dos oito meses anteriores.

Recentemente, o governador do Pará, Helder Barbalho, alertou que, diante da crise provocada pelo COVID-19, o sistema de fiscalização ao desmatamento e queimadas foi impactado e o estado precisa de reforço do governo federal.

Ação na justiça

Na semana passada, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que está cobrando, na justiça, o valor de R$ 1,3 bilhão pelo desmatamento na Amazônia Legal. O dinheiro corresponde a mais de 30 ações civis públicas. Pelos processos, grandes infratores serão obrigados a ressarcir os prejuízos causados pela exploração ilegal de madeira e atividades irregulares de pecuária.

As áreas em questão foram desmatadas de forma ilícita nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Mato Grosso e Amapá.

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* O Deter foi desenvolvido como um sistema de alerta para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal realizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e demais órgãos ligados à área ambiental do país.

Fonte: Portal de notícias G1, Estadão Sustentabilidade e Governo do Pará

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Foto: Ibama/Fotos Públicas

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.